quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Te bebo


Bebo a tua presença, bebo o que queres que bebo, bebo.
Bebo o teu sorriso que ria do meu sorriso achando graça
Da desgraça que ele se recusa a chorar. 
Bebo o que colocas em meus lábios e chamas de meu 
Sorriso.

Bebo o que pensas que penso, ainda que sendo os teus 
Pensamentos.
Bebo os pensamentos que roubaste de mim  enquanto
Eu sorria o sorriso que colocaste em meus lábios.
Bebo!

Bebo!
Bebia o meu sorriso quando entendia que chorar não 
Mais valia a pena. 
Bebo tudo que transborda do teu sorriso, para não me
Afogar na tristeza que vejo brilhando em teus olhos, 
Enquanto sorrias.

Bebo! 
Bebo para não deixar parar as lágrimas que penso ver
Brotar nos teus olhos, e então bebo.
Bebo como se fora um cálice, o que pensas ser bom 
Para mim. 

Bebo, ainda que não cheire bem, ainda que trave em
Minha garganta como veneno, mas bebo. 
Bebo o trago que colocas em minha boca e me forças
Engolir. 

Bebo, bebo tudo o que deixaste para me oferecer no 
Dia da tua partida, no dia da nossa despedida. 
Bebo! 
Bebo o teu sorriso tosco, bebo! 

Bebo as minhas lágrimas misturadas aos teus 
Pensamentos perversos, e tudo mais que derramas 
Em minha boca.
Eu bebo!
                                     Lido da Silva, julho de 2011

                                   *



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