sábado, 3 de dezembro de 2011

De repente



De repente o meu "eu“, cai num vazio infinito onde não consigo
Apoiar-me em coisa alguma. 
De repente sinto o vazio em torno de mim, um vazio em mim. 
Sinto-me no meio do nada, estou em pé, estou deitado, sentado, 
Machucado. 
Estou curado, doente estou curado, estou assim, parece que saí 
De mim, estou. Sinto um vazio que me faz sentir-me perdido no 
Meio do nada, estou assim.
Estou caminhando, parado, esperando meio atordoado e penso 
Que tenho paz, uma paz que me amedronta, estou assustado.

De repente o meu corpo cai num vazio onde o silêncio é celestial,
Onde o vento sopra suave e a brisa me toca, me acaricia como um
Beijo. 
De repente estou num lugar onde a paz é intensa, é tão profunda 
Que parece eterna e lá repouso. 
De repente deixo de ouvir a tua voz, me mudo, estou num lugar 
De onde vejo tudo e todos, sem no entanto, ser visto por estes. 
De onde estou, vejo a saudade que abraça os meus amigos os 
Entristecendo e descubro, assim, que a saudades de mim existe, 
Percebo que fui amado e que alguém lamenta o tempo que não 
Focou comigo, e chora.

De repente estou distante e, ainda estando longe, ouço choros de
Despedidas e sinto saudades. 
Sinto uma ponta de arrependimento bater à porta da minha 
Consciência para cobrar-me alguma coisa.
De repente já não estou aqui, ouço lamentos, lamentam a falta de
Atenção que me foi dispensado, lamentam pelo carinho que me 
Foi negado. 
De repente já não existo neste universo, cai num vazio tão intenso, 
Que sinto o seu frio em meu coração, sinto uma pontada da 
Saudade, ouço choros de despedidas, quando de repente, tudo 
Muda, tudo começa de novo e vejo o sol nascendo, vejo um novo 
Dia. 

                                                                                                                    Mauro Lucio


                                            *


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