domingo, 18 de dezembro de 2011

Encontro do céu com a terra




Por que o céu só beija a terra lá no firmamento,
Onde não há uma única testemunha para 
Testemunhar tão glorioso evento?
Como?
Como assim?
céu abraça a terra e ninguém, ninguém vê?
O meu olhar se deita no horizonte e então vejo
O céu se curvar sobre a terra. Vejo quando se
Beijam mas, na distante não ouço o que dizem.
Como?
Como é que o céu e terra dormem num mesmo
Leito e ninguém está lá para maravilhar-se 
Diante desse momento divino?

Ao entardecer o  céu enfeita-se de tonalidades
Mil e se faz charmoso. Nesse momento o  sol
Se veste em nuvens,  ora  alvas como algodão,
Ora em cores mutantes e derrama-se sobre a 
Terra em forma de brisa perfumada e se faz 
Amar.
 Em outros eventos a terra se perde em
Encantamento diante do azul límpido do céu e
Quando este se curva sobre ela para abraça-la,
A terra se entrega, se permite ser amada por um
Céu ávido por amar. 
 Como? 
Como ninguém presencia esse momento lindo?

À noite, a terra apaixonada pelo céu, abre o seu
Corpo e todas as criaturas que ali habitam
Recitam, declamam  as mais lindas poesias. 
Galanteador o céu mostra o belo do seu ser e 
Salpica-o com as estrelas que sabem brilhar. 
Diante de tamanho encanto a terra esquece a sua
Timidez e se permite ser tomada, atirada pelos
Devaneios, no leito do céu que fica no mais
Longínquo do firmamento, lá onde ninguém
Testemunhará as suas horas de amor.

Como?
Como é possível que ninguém testemunhe  o
Encontro do céu com a terra?
Como pode ser que os viventes só se dêem conta
De que a terra pernoitou nos braços do céu quando
Ela se acorda já na madrugada?
Quem, quem vai estar lá quando o céu, antes do 
Escurecer, se curvar para beijar a terra? 
Quem vai estar lá para ouvir as juras de amor, 
E as promessas que só os amantes apaixonados
fazem? 
Como eu gostaria de testemunhar tamanha
Beleza.

                           *


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fardo

  Envelheci. O que me foi dado a viver, vivi.  Os meus olhos, agora cansados, vêm, ainda que sem muita nitidez, a hora da minha despedida. V...