sábado, 3 de dezembro de 2011

Impotente



Impotente diante do tempo aceito a velhice como um fato, um
Ato que o tempo me impõe. Impotente diante do vento que
Hora sopra quente, hora frio e que hora sopra seco e hora úmido,
Assisto tudo calado. Mudo, vejo a minha pele encolher-se,
Enrugar-se, endurecer como tudo que é maltratado pelo tempo.
Impotente assisto o tempo transformando o meu corpo, sem
Pedir a minha opinião e sem me consultar ele me envelhece.
Impotente assisto a minha juventude indo embora, se
Transformar em passado.

Me curvo diante do tempo, me envergo para resistir a força do
Vento que me leva, que me empurra para que eu caminhe mais
Rápido para o final da vida. O vento, a mando do tempo, me
Arrasta com tanta violência que não consigo ver a vida em seu
Ritmo alucinante, fugindo de mim. Impotente diante do tempo
Não consigo perceber o que acontece com este que transforma
Os meu sonhos em nada, e a minha vida em sonhos impossíveis
De serem realizados. Impotente diante do tempo, assisto este
Apagar os meus sonhos antes de eu os viver, antes de sonha-los
Novamente.

Impotente diante do tempo, vivo as tempestades que o tempo, de
Tempo em tempo, me impõe. Impotente diante do tempo,
Acompanho o tempo que foge de mim, que me rouba o pouco
Tempo que me foi concedido para viver. Impotente diante do
Tempo, seguro o vento que sopra furioso e leva tudo que encontra
Em seu caminho, inclusive o tempo que é a minha vida. Impotente
Diante do tempo saio, vou  só ali na esquina mas me despeço dos
Amigos com o sorriso de quem diz: – até já sem a certeza de que
Voltarei.

                                                 Mauro Lucio

                              *


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