domingo, 19 de fevereiro de 2012

Errante



Errante, ando errando, viajo mundo a fora buscando
O que não perdi. 
Procuro pessoas que fogem de mim, busco um eu
Que se perdeu procurando o que nunca teve, o que
Nunca conheceu.
Sou um errante que bate em portas abertas, em 
Portas que não tenho gana de entrar. 
Bato em portas que se recusam a abrir-se para mim.
Sigo errante, errando, buscando o que não perdi, o
Que nunca me pertenceu, o que nunca foi meu e 
Sigo errando.
Bato em portas abertas chamando por um "eu“ que
Se recusa a abrir-se para mim.

Errante busco as pessoas que amo, mas estas me 
Ignoram, me guardam no esquecimento. 
Errante ignoro, minto, não demonstro afeto para 
Com as pessoas que me amam enquanto choro 
Por aquelas que já me esqueceram e então me 
Pergunto: – O que é o amor?
Para que amar se amar não garante que serei 
Amado?
Ando errando, buscando por pessoas que fogem de 
Mim, pessoas que me rejeitam, que não gostam da
Minha presença. 
Errante erro quando, procurado por pessoas que
Rejeito, pessoas as quais não gosto e as ignoro.

Errante, tento segurar o vento e gritar em silêncio
Para ninguém me ouvir. 
Errante, grito e ouço resposta das pessoas as quais 
Não estou interessado ouvir. 
Por onde andam as pessoas que amo?
Onde estão todos que sonho em ter perto de mim?
Errante, procuro acertar e, tentando acertar, erro
Mais e mais.
Errante, sem acertar, não entendo que o que penso
Ser acerto é um erro e erro, erro quando fujo dos 
Meus erros.
Errante, ando pelo mundo buscando o que perdi no
Tempo.
Perdido procuro um amor que me foi dado, que 
Tenho, que é meu mas me recuso aceitá-lo.
Amargurado por não aceitar um amor que é meu, 
Ando errando e errante, sonho com um amor que 
Nunca me pertenceu.

                                                Lido da Silva


                                     *
 


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