sexta-feira, 30 de março de 2012

Lágrimas geladas


O meu grito ecoa no mais profundo do seu silêncio e
Cai.
O meu grito cai. Ele cai na imensidão do vazio da tua
Ausência e perde-se. Me faz sentir frio.
O meu corpo treme.
O agasalho que colocas sobre a minha pela é um nada,
É como o que sentes por mim. É tão frio quanto a tua
Indiferença.
O meu grito explode no meio da noite adormecida
Que não o ouve, que não lhe presta atenção.
Assim o meu grito dorme ao relento.

O vazio da tua ausência toma o meu corpo e então
Estremeço.
 Choro de frio. O frio é tão intenso que transforma
Tudo em mim em lamento. Choro.
Choro tão baixo que nem mesmo eu o consigo ouvir.
E então o desespero fala alto em meu peito.
O desespero sufoca o meu coração que sangra.
Sangra e grita.
O meu coração grita tão alto que se faz ouvir no teu
Íntimo, no íntimo da tua indiferença por mim.

O grito desesperado do meu coração perturba a tua
Indiferença por mim e esta se faz irada.
 A sua ira, enfurecida, pisoteia todos os meus
Sentimentos, esmaga a minha esperança de ser ouvido
Por ti.
Outra vez o silêncio me toma e sufoca o grito que
Escapava da minha garganta com a intenção de ir ao
Teu encontro,
Calado, na mais profunda tristeza, sinto as lágrimas
Escorrerem geladas dos meus olhos.


                           *


Icy tears

 

My cry echoes in the depths of your silence and fall it
Falls in the vastness of the void of your absence and
Get lost, it makes me feel cold. My body trembles, the
Cover that falls over my skin is like nothing, it's like
What you feel for me, it is as cold as your indifference.
My scream explodes in the middle of the night that
Asleep and do not hear it, do not pay attention on it
And so, my cry sleeps outdoors, it sleep in the
Weather.

The void of your absence embraces my body that
Trembles and weeps of cold. The cold is so intense
That everything in me turns into mourning and cry, it
Cries so low that, even me cannot hear it and then,
Desperation takes over of my chest. The despair
Squeezes my heart and makes it to bleeds, it bleeds
And screams, it screams so loud that makes itself
Heard in your inside, its makes itself heard in the
Depths of your indifference for me.

The desperate cry of my heart disturbs your
Indifference for me, and its becomes angry. Its anger,
Enraged, tramples over all the good fillings and it
Crushes my hope of to be heard by you. Again the
Silence hugs me and stifles the cry that was coming
Out from my throat with the intention of to come to
You and I shut up. Draft, in deepest sorrow, I watch
The cold tears flow from my eyes.


                                       *

terça-feira, 27 de março de 2012

A sombra desaparece na sombra



O sol do meio dia, ao esconder a minha sombra,
Me assombra.
Me procuro escondido nas sombras do sol mas
Não me encontro, me escondi de sumi.
O escuro da noite engole a minha sombra e se 
Confundem.
Se confundem e, caminhando pelas veredas
Escura,  creio ouvir os meus passos me 
Seguirem.
Assustado apresso os meus passos e estes 
Apressados correm atrás de mim. 
O sol do meio dia rouba a minha sombra e na 
Sombra não consigo me encontrar.

A lua brilhou no céu estrelado e despertou os
Mistérios da noite.
A coruja, bisbilhoteira, vem ver quem passa e o
Que passa,
Os répteis cantarolam enquanto o medo fica à
Espreita. 
O sereno serenou! 
O sereno cai sobre a relva e desabrochou seus
Perfumes que enche o ar e aí permanece até 
Que a lua vá dormir.
A lua vai dormir e leva consigo os seus mistérios,
Os mistérios da noite que nada revela.

O vento frio da madrugada sopra  o sol e o tira
Da cama. 
Desconfiado, o sol surge preguiçosamente por 
Entre as nuvens, e sua luz revela todas as sombras
Que ele haverá de esconder ao meio dia,
A minha sombra aparece, apareço!
Apareço e vejo a minha sombra que me 
Acompanha, ela segue os meus passos enquanto
Eu caminho às alamedas da vida.
Guardar-me-ei do sol do meio dia e direi para
Ele pare que jamais esconda a minha sombra.

                                               Lido da Silva

                                *

A ira



Uma fala inoportuna.
Um pensamento desfeito.
A decepção.
A mão estendida, suspensa no ar
Aguarda por algo que não vem.
O sorriso ri sem graça e  se desfaz.
Ele sai, sai sem jeito.
Ele vai para não voltar. 
O olhar frio fita, e o faz sem 
Compaixão.

Uma troca de olhar,
A ira estampada no rosto, o desgosto.
A vontade de brigar grita, mas o bom 
Senso a manda calar. Cala!
Sai!
Vá dar uma volta e, não tarda já terá 
Esquecido o ocorrido, passou.

Choque de palavras.
Estranheza no modo de expressar,  
Conclusão errada e está aí o conflito.
Um conflito, um grito, o suor escorre
No rosto, que desgosto.
O ódio quase vence o amor mas este 
Reage.

Uma palavra extemporânea, mal
Colocada.
Uma troca de olhar, a ira.
O gosto amargo na boca, sacrifício, 
Engole a decepção. 
A ofensa corre e grita:  - Vou 
Arrebentar!
O grito mudo que perguntaria: 
"Arrebentar quem?" se cala.
Cala tudo que havia no ar.

                               Lido da Silva

                      *


sexta-feira, 16 de março de 2012

A vida.



A vida é a mão que afaga, e a mão que castiga. 
A vida é a mão que ampara, que ajuda a levantar, mas 
Também é a mão que empurra, que derruba.
A vida faz sorrir, mas também faz chorar. 
A vida é  mãe, mas também é madrasta. 
A vida mostra a estrada a ser seguido mas não retira 
As pedras dos caminhos.
A vida é o vento gélido que fere, mas é também o
Agasalho, o conforto. 
A vida é sofrimento, é amor, sorriso e lágrimas.
É vida.

A vida não afaga a cabeça dos seus filhos, ela não faz
Graça. 
A vida não dá nada de graça. o que ela oferece hoje 
Ela cobra amanhã.
A vida é vida, e como vida, ela é dura, ela maltrata.
A vida não é lógica, as vezes ela  mata jovens sadios
Enquanto poupa a vida de velhos enfermos. 
A vida é a incompreensão, ela a é a razão que 
Ninguém é capaz de explicar.
O fato é que a vida bate e abate, ela maltrata seus 
Filhos, mãe justa e injusta, indecifrável a vida é mãe,
É madrasta, ela é severa, é vida.
A vida é uma velha com muitos conselhos e pouca
Paciência que tolera gritos mas não aceita resmungo.
A vida não ensina, ela apenas mostra o caminho a ser 
Seguido, a seguir o chicote já está na mão para punir 
Quaisquer deslize.

A vida não se aflige com o choro dos seus filhos.
Ela não se comove com seus sofrimentos e nem se 
Levanta no meio da madrugada para agasalhá-los. 
A vida oferece de tudo, mas não dá nada de graça 
Para ninguém. 
A vida cobra até a luz que brilha no céu, ela cobra, 
Ela cobra até o ar que respiramos. 
A vida não socorre os seus filhos que não sabem andar, 
Muito pelo contrário, ela os atira na correnteza e, se 
Quando na água, eles suplicam por socorro ela os
Ignora. 
A vida não espera pelos fracos, ela segue seu curso 
Sem se importar com quem fica pelo caminho.
A vida ama os fortes e despreza os fracos, ela é vida e, 
Como vida ela precisa viver. 

                                                    Lido da Silva
 

                                             *


quarta-feira, 14 de março de 2012

Monte Gólgota


Lá no monte Gólgota onde o Amor foi crucificado para livrar-me
Dos meu pecados, onde uma história que jamais terá fim começou
A ser contada, reside a minha incompreensão.
Não consigo aceitar seres, ditos humanos, racionais, crucificarem o
Amor, ainda que fosse este o Seu destino, com tanto requinte de
Crueldade.
Não entendo o porquê da necessidade de tanta humilhação ao
Executarem alguém cuja única culpa foi amar incondicionalmente
Ao próximo.
Lá no topo do monte Gólgota onde o sol revoltado
Com tamanho desamor recusou-se a iluminar as atrocidades
Cometidas pelos homens e se apagou. Onde a terra agoniada
Tremeu regurgitando, recusando-se a cobrir com seu corpo a
Crueldade que os homens insistiam em, ali esconder.

Pensando no Local dos Crânios, onde o Amor foi humilhado,
Crucificado e morto, choro.
Choro e peço perdão a Deus pela forma como Seu filho foi tratado
Pelos humanos.
O monte Gólgota onde homens que diziam amar a Deus permitiram
Que o Amor fosse crucificado, lembra-me que aqueles mesmos
Homens que cometeram tal barbáries estão nos dias de hoje dentro
Das igrejas pregando a palavra de Deus e usando o Seu nome em
Beneficio próprio.
Esses homens são todos falsos pastores, e a rapidez com que
Enriquecem me obriga a correr para o topo do Gólgota onde o
Amor foi crucificado e ali me abrigar ao pé da Cruz.

A velha Cruz fincada no topo do monte Gólgota onde o Amor
Permanece crucificado me recorda que o Amor ressuscitado
Voltará e será novamente humilhado, crucificado e morto pelos
Mesmos homens que ora pregam em Seu nome.
São homens que conhecendo a fraqueza dos homens usam o nome do
Amor para atrai-los e os atrai com falsas promessas, com promessas
De enriquecimento rápido e falsos milagres.
O Amor falou que antes do Seu retorno, falsos profetas apareceriam
Usando o nome do Pai, performando curas e expulsando espíritos
Malignos e aí estamos assistindo os falso pastores atuando.
Pensando na Cruz esquecida no Local dos Crânios onde o Amor morreu
Pelos meus pecados o meu coração chora a dureza dos homens que se
Afastaram dos princípios que Jesus Cristo nos ensinou.


                                             *


 

domingo, 11 de março de 2012

Mulher mãe, mulher esposa - Women mother, women wife


Mulher! 
Amiga!
Mulher mãe, mulher esposa, mulher namorada.
Mulher de todo os dias,
Flor delicada, abraço forte, abraço meigo.
Uma dor, uma lágrima, um sorriso,
O suporte preciso, uma palavra.
Mulher!
Poesia que quando recitada com carinho parece uma doce canção.
Mulher!
Forte como aço, sensível como a brisa do amanhecer.
Mulher!
Sapiência no trato com os seus.
Mulher!
Todos os dias é o seu dia porque todo os dias você  é mulher,
É amor, carinho, alegria, sorriso, lágrimas.
Mulher o mundo depende de ti para acontecer,
Para seguir adiante.

Mulher!
Num abraço uma canção, um carinho, um afago.
Mulher!
Num leve toque de mão e o amor transborda do teu coração.
Mulher!
Amiga, esposas, mãe, amante.
Mulher irmã, companheira, querida uma vida e uma flor.
Mulher!
Perfume que embrenha no cerne do coração e, que num abraço,
Num carinho transforma um simples afago em uma linda
Declaração de amor.
Mulher!
Dádiva do criador, uma vida, uma rosa,  todas as flores,
Um jardim.
Mulher esteio, o cerne,  rocha, sustentáculo da família,
Fonte de amor.
Mulher!
Adjetivo maior, flor! A mais linda dentre as flores,
A melhor companhia, companheira para a vida.
Vida que gera vidas quando tratada com amor.

Mulher!
Uma história sem principio, sem meio e sem fim.
Mulher!
Jardim onde brota os mais lindos sonhos.
Mulher!
Sonho que transformado em realidade revela-se o mais puro amor
Com a mais variada forma de amar.
Mulher!
Uma história, declaração de amor, sonhos a serem vividos.
Mulher!
Mulher, Elsa, Suely, Mônica, Sandra,  Judite, Maria, Eva, Dora,
Carmem, Leila, Tânia, Marta, Clara, não importa o nome que
Tenham, são mulheres, são amigas, namoradas, esposas, irmãs e
Mãe, a mais sagrada das criaturas, mulher.
Mulher!
Um sonho gostoso de sonhar, história linda de viver, um caso que
Não canso contar, mulher!
Amo! ...

                                        Habacuc, março de 2012

                                      *
Women

Women
Friend!
Woman, mother, wife, woman, girlfriend.
Women of every day, delicate flower, 
A strong and at the same time a sweet hug,
A pain, a tear, a smile, the certain support,
A word.
Women!
Poetry that when recited with love seems 
Sweet as a song
Women!
Strong as steel, sensitive as the dawn’s 
Breeze and wise in dealing with their own.
Women!
Every day is your day, because every day
You are love, you are affection, joy, 
Sadness, smiles, tears and the world 
Depends on you to happen, to move on.

Women
In a hug an song, a caress and a cuddle
In a hand touch her heart overflow in 
Love
Woman, girlfriend, wife, mother, lover.
Woman sister, companion, a life, a 
Flower.
Women!
Scent that penetrates the heart of the 
Heart and in a hug, in a caress 
Transforms a simple smile in a 
Beautiful love declaration.
Women!
Gift of the Creator, a life, a rose,
Flowers, a garden.
Woman!
Mainstay, the core, the rock,
Foundation of the family, source of
Love.
Women!
Adjective, flower!
The most beautiful among the 
Flowers, best company, partner for
Life, life generating life when 
Treated with love.

Women!
A story with no beginning, no 
Middle and no end.
Women!
Garden where grows the most 
Beautiful dreams, dreams that when
Transformed into a reality show the
Purest love with more varied form 
Of love.
Women!
A story, a statement of love and 
Dreams to be lived, woman!
Wife as Elsa, Suely, Monica, Miraci,
Sandra, Judith, Mary, Eve, Reisa
Dora, do not matter whatever their 
Name are, they are women, they are
Friends, girlfriends, wives, sisters 
And mother the most sacred of all 
Creatures, women. 
Women!
A dream lovely to be dreamed, a 
Wonderful story to be lived,
Sweet case to be told, woman!
I love you! ...

                       *

sexta-feira, 9 de março de 2012

Andando sobre trilhos



Ando sobre trilhos e o tombo me observa ansioso
Para me ver cair. O vento sopra forte, empurra o meu
Corpo que balança e o tombo, sem perda de tempo
Estende seus braços para me agarrar, mas não caio.
Um passo segue o outro num caminhar maroto, 
Trôpego, enquanto o tombo observando tudo olha e
Torce pela minha queda, ele quer me ver cair.

Os trilhos se contorcem preso ao chão enquanto a chuva
Fria molha o seu corpo e o faz tremer. Ele treme, torna-se
Escorregadio mas o meu caminhar vadio não para,
Continuar a caminhá-lo. O tombo me aguarda, ele sabe
Que um dia cairei, mas enquanto não caio, continuo a
Minha caminhada. Caminho sobre trilhos que zombam do
Meu caminhar, que me empurram para os braços do tombo
Que torce ansioso para que eu caia.

Confiante corro sobre os trilhos que se contorcem sob o
Forte calor do sol. O tombo ávido por me ver cair joga 
Sobre os trilhos as mazelas que encontra em quase tudo
Nesta vida, mas os meus pés ágeis saltam daqui para lá e
E de lá para cá e fogem das armadilhas dos trilhos.
O tombo, meio que desacorçoado, acompanha com seu
Olhar matreiro as minhas peripécias e grita: - Se caíres
Não te darei a mão! Ele não perde a esperança de assistir
A minha queda e deitado ao longo dos trilhos torce pelo
Meu fim. 


                                *


Atirada ao chão


Atirada ao chão ali ela fica inerte.
Inerte como um pensamento interrompido por um
Susto, como um tombo após um empurrão ela 
Ficou.
Chamada a levantar-se ela recusa, forçada reage
Com veemência e permanece jogada no chão.
Como que concordando com a vontade de quem 
A empurrou, não se manifesta.

Esparramada no solo, muda, ela lambe as suas
Feridas sem chorar. 
Ela não reclama dos olhares críticos que a olha 
Com semblante cerrado, nem lamenta os olhares 
De indiferença.
Era sua sina ser jogada ao chão.
Faz parte de sua sorte ver mãos lhe serem 
Estendidas e outras lhe darem empurrão.
São mãos, são mãos.
Ela esta ali estendida no chão onde fora atirada e,
Ainda que quase pisoteada, não perdeu a razão.

Lá do chão, onde foi atirada, ela encara os rostos
Que a fita, busca perceber nestes, lábios que dela
Sorriem  e lábios que lhe sorriem.
Lágrimas não escorrerem dos seus olhos.
Ela não ouve nenhum pedido de perdão e não 
Perdoa. 
Não perdoa pensando que tudo não passa de um
Susto. 
Foi um empurrão, um tombo que a esparramou
No chão.
Ela não chora, não ouve nenhum pedido de 
Desculpas, tudo é sua culpa já que ninguém se
Manifestou.

                                                    Lido da Silva


                             *

quinta-feira, 8 de março de 2012

Um bate papo


Um bate papo descontraído, o café esfria na xícara,
As horas passam preguiçosamente. 
Um sorriso, o disfarce de querer ser só um amigo e
Uma desculpa tola para tocar a tua mão. 
Um amigo chega e diz olá, lá na calçada um 
Conhecido passa e olha com sorriso malicioso no
Rosto, diz um rápido oi e segue o seu caminho.

As horas passam, o café frio na xícara já foi 
Renovado.
Longe de ter coragem de te falar da razão maior do
Nosso encontro estico a conversa.
De repente me dou conta de que estou torcendo 
Para o tempo não passar.
Descubro que preciso de mais tempo para te falar 
Dos meus sentimentos por ti,  mas o tempo não 
Tem a intenção de me esperar.

Depois de um assunto, busco um novo assunto 
Enquanto procuro coragem para te falar de amor.
A coragem corre, pouco parceira, foge e me 
Deixa sozinho, cara a cara contigo.
Sem jeito procuro falar de temas complexos,  
Preciso parecer inteligente para te impressionar.
O tempo passa, o tempo voa, desesperado e sem 
Jeito dou um jeito de prender a tua atenção.
Não quero que vá, quero que fiques mais um 
Pouco, mas o  já "esta ficando tarde”  chega e 
Te leva.

O tempo passou e já não há mais jeito de eu te 
Manter em minha companhia.
Já se faz  tarde e a perspectiva de ter que ir 
Trabalhar cedo na manhã seguinte te obriga  a ir
Embora.  
Delicadamente, diz que precisa ir e, com um 
Lindo sorriso nos lábios, se despede. 
Se despede e me deixa na companhia da minha
Frustração.  
Que tristeza!
Falei de quase tudo, mas não te falei do meu 
Sentimento por ti. 
Como um tolo, todo atrapalhado, sem saber 
Como te falar dos meus sentimentos por ti, te 
Assisti se despedir, dizer boa noite e partir.
 
                                                   Lido da Silva

                                      *


quarta-feira, 7 de março de 2012

Venci a vida


A vida me bateu, a vida me atirou ao chão, pisoteou tudo o que
Ela pensou ser eu.
A vida quis me derrotar mas, como uma vara verde assolada
Pela fúria de uma tempestade, dobrei, verguei-me até o chão,
Engoli poeira, lágrimas, suportei as dores que a vida me impôs.
Vergado, estendido no chão, vi a vida pisotear-me sem piedade,
Ouvi a vida urrando aos meus ouvidos como o vento urra nos
Telhados nas noites de inverno, mas suportei, superei os
Destemperos da vida, sobrevivi.

No abandono da infância, a vida ofereceu-me todas opções de
Descaminhos e perdição.
A vida me apresentou os vícios, me deu o endereço da contramão,
Mentiu, me mostrou-me o caminho mais fácil, o que leva a perdição 
E disse-me: - O mais rápido é a solução, disse-me também que
Trabalhando honestamente eu jamais juntaria o meu primeiro milhão.
Eu não aceitava a proposta de vida que a vida me oferecia.
A vida que eu queria não interessava à vida,  e então a vida me bateu.
A vida me bateu muito, ela me maltratou, me forçou a dormir ao
Relento e de fome ela quase me matou. Roubou-me a alegria,
E no frio do desprezo, me desprezou.
Chorei, verti lágrimas amargas de tristezas, verguei sob o peso
Das mãos da vida até lamber o chão.
Engoli poeira, bebi as minhas lágrimas e sobrevivi.

A vida é perversa, a vida não da nada de graça e nem faz graças.
A vida é tão falsa quanto a mulher adultera, e ruim quanto a
Madrasta desnaturada, a vida é inimiga de primeira hora.
A vida oferece todos os tipos de pecados ciente de que amanhã,
A sua vida ela virá cobrar. A vida, como um agiota, cobra tudo
E cobra sem escrúpulo, sem piedade.
A vida bate, ela bate até lhe restituirmos o que ela nos deu,
A vida bate em quem recusa as suas ofertas e ela bate muito
Mais em quem aceita o que ela oferece.
A vida me bateu, a vida despejou toda a sua ira sobre o meu corpo
E, pisoteado pela vida comi poeira, bebi as minhas lágrimas para
Não morrer de sede, mas resisti as sua ofertas e a venci.

Lido da Silva

                                       *

Parque Olho d´água



Em tuas trilhas, parque Olho d´água, cruzo 
com incontáveis rostos e diferentes 
semblantes.
Faces com disfarces, rostos sem rostos, 
pensamentos, pessoas, sorrisos e tristezas.
Em teu ceio, meu parque, a natureza 
discute se se faz mais linda ou se linda 
como parque Olho d´água está bem!
Amado parque Olho d´agua! Em tuas 
manhãs bailo abraçado à tua musicalidade,
danço ao ritmo do canto dos pássaros que 
alegram o teu amanhecer. 
Passo! 
Sigo, corro atrás dos muitos devaneios que
só devaneio enquanto caminhando os teus
caminhos.

A brisa da madrugada, após banhar-se em 
tuas fontes, parque olho d´água, sopra por 
entre tuas árvores e passeia sobre relvas e
me veste com o teu perfume. 
Por entre as tuas folhagens o sol, 
indiscreto, observa a minha caminhada e 
me acaricia com os primeiros raios de luz
e, então, sigo!
Sigo correndo, sonhando, devaneando os 
devaneios que só devaneio quando em teus
caminho.
De repente, um passante, passa por mim 
sem falar comigo e isto me inquieta.
Tudo bem, logo a seguir, vislumbro os 
problemas desistindo de alcançá-lo.
A tua magia, parque Olho d´água, livra os
viventes dos pesadelos do dia a dia.

Meu amado parque Olho d´água!
O teu entardecer é uma sinfonia, é a 
sinfonia que as sinfonias amam tocar.  
De repente o céu se colore, se faz mais 
lindo e te abraça com uma infinidade de 
cores.
Neste momento os pássaros cantam para ti
as suas mais lindas canções do entardecer, 
enquanto eu vivo mais este sonho. 
Os pássaros cantam por entre as folhagens
e emprestam a beleza e alegria do seu 
cantar aos passantes que, sem perceberem, 
desfrutam do prazer de caminhar os teus 
caminhos. 
Meu querido parque Olho d´água!
Dentre os viventes que te visitam no teu 
dia a dia estou eu. 
Eu que, em ti, parque Olho d´agua, vivo 
cada um soa meus sonho.
São devaneios que brincam de esconde
esconde comigo atrás cada uma de tuas 
árvores, são sonhos que anseio viver. 
Meu amado parque Olho d´água, em mim,
para sempre, irás morar.

            Lido da Silva, Brasília, março de 2012


                                    *




quinta-feira, 1 de março de 2012

Tempo - Time




Tempo! 
Invadistes o meu templo, alterastes a minha
idade, me envelhecestes. 
Envelhecestes-me da mesma forma como 
Envelheces tudo que tocas.
 
Tempo!
Corrompestes os meus sentimentos, me 
Trouxestes o esquecimento e esqueci. 
Me esqueci dos amores que amei, das 
lágrimas que derramei e dos sofrimentos 
que vivi. 
Errei! 
Erro outra vez ao te ver passar por mim 
e não te seguir.

Tempo! 
Em tua aventuras trouxestes-me as 
rugas, me deixastes às dúvidas, 
dúvidas da minha capacidade de decidi 
o tempo de parar ou de seguir.

Tempo!
Passas tão rápido pela vida que não 
consegues amar ninguém.
Simplesmente não sabes o que é 
amar!
As suas marcas estão em meu rosto
em forma de sulcos, em forma de dor e
em  minha pele ressecada, murcha 
como as folhas prestes a cair.
 
Tempo!
Sob os teus caprichos os meus cabelos
se fizeram grisalhos e depois caíram. 
Eles se perderam como tudo o mais se
perde quanto tocado por ti. 

Tempo!
Quanto tempo pensas que ainda 
permanecerei aqui?

Tempo!
Não entendo o porque que de tu 
tempo, de tempo em tempo, fustigar
o meu corpo com enfermidades que
nunca te pedi.

Tempo!
Invadistes a minha consciência, me
encheste de arrependimentos,
arrependimentos estes que nunca 
pedi para viver.
 
Tempo! 
Agora, diante da velhice, olho no
retrovisor da vida e só vislumbro o 
tempo que perdi, o tempo que não 
me preocupei com o passar do 
tempo sem nada fazer.
 
Tempo!
Agora, velho, vivo a solidão, vivo a 
saudades dos amigos que levaste de 
mim e a falta de vigor para fazer 
as coisas que, na juventude, deixei 
para fazer depois.
  
Tempo! 
O que fizestes comigo que não tenho
mais vigor para viver o que deixei  
para viver agora?

                     Habacuc, março de 2012

                        *
Time

Time!
You invaded my temple, you altered
my age, you have made me old.
You aged me the same as you do 
age everything you touch.

Time!
You corrupted my feelings, you 
brought me oblivion and I forgot.
I forgot the loves that I loved, the
tears that I shed and the suffering
that I lived.
I made a mistake!
and I do mistake again when 
I see you pass by and I do not 
follow you.

Time!
In your adventures you brought
me wrinkles, you left me 
doubting, doubts about my 
ability to decide the time to stop
or to move on.

Time!
You go through life so fast that 
you don't get to love anyone.
You just don't know what love
is!
Your marks are on my face in
the form of furrows, in my
body in form of pain, on my
parched skin and withered 
like the leaves about to fall.

Time!
Under your whims my hair
turned into gray and then it 
fell off.
My hair got lost like 
everything else got lost when
touched by you.

Time!
How much longer do you 
think will i stay here?

Time!
I don't understand why you
time, from time to time, 
lash out my body with 
infirmities that I never 
asked you for.

Time!
You invaded my 
conscience and feeled me
of regrets, regrets that I 
never asked to live.

Time!
Now, in the face of old 
age, I look rearview 
mirror of the life and I
only see the time that I
lost, a time I didn't  I 
worried about, time 
which was doing 
nothing.

Time!
Now, old man, I live in 
solitude, I live in I miss the
friends you took from me 
and the lack of vigor for to
do the things that I left 
behind in my youth for to
do noow.

Time!
What have you done to me 
that I don't have more vigor
to live  what I left to live 
now?

            *

Fardo

  Envelheci. O que me foi dado a viver, vivi.  Os meus olhos, agora cansados, vêm, ainda que sem muita nitidez, a hora da minha despedida. V...