terça-feira, 17 de abril de 2012

Não acredito



Não! Não acredito que os amores que morrem desintegram-se
No túmulo do esquecimento. Não vejo sentido pensar que
Sentimentos tão enraizados quanto o amor, quanto à paixão,
Possam ser arrancados de um coração sem feri-lo. Já fui a
Muitos velórios de amores mortos, que depois do frio das
Tristezas ressuscitaram mais fortes que antes de morrerem.
Não! Não acredito que as lágrimas derramadas pelo amor
Perdido, evaporam-se como o nada. Isto não faz sentido.

Não! Não vejo como ser possível o amor virar as costas e,
Simplesmente, deixar de existir no coração de quem muito
Amou. Vai! Parte! Chora! Briga, deixa tudo para trás, mas não
Deixa de amar. A ira é o abraço gigante que intimida quem
Pensa partir, quem quer libertar-se de um amor frustrado.
As lágrimas são a súplica de quem está sendo deixado, de  
Quem não se conforma em perder. Não creio ser possível sair
De um amor indiferente as dores. Não creio ser possível
Segurar as lágrimas na hora do adeus.

Não! Não acredito na felicidade de um sorriso que se despede
De quem ama. Não entendo a indiferença no ato de quem está
Apaixonado, e desconfio do silêncio na hora do adeus. Não
Vejo graça no ato de só ficar, e não consigo perceber onde
Mora o amor dos encontros casuais, assim como não vejo a
Cumplicidade que existe entre as pessoas que se amam, entre
Os ficantes. Não! Não acredito que os amores sobreviventes
Das grandes feridas, sobrevivam diminuídos. Aceito a idéia
De que o amor acaba, mas não acredito que tenha fim.

                                                                                           Mauro Lucio


                                             *


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