quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sonha-me



Sonha-me! 
Sonhe-me, mas me sonhe com cuidado para que não me
Torne o teu pesadelo. 
Queira-me! 
Queira-me, mas não me queira mais que queres a ti mesmo.
Não pise sobre pedras, não olhes para o alto em dia de 
Ventania e nem saia desagasalhada em noites frias. 
Pense em mim, mas me pense como sendo eu apenas uma
Fonte onde matas a tua sede quando não tens lugar melhor 
Para beber. 
Pense em mim como sendo o teu ônibus de cada dia, como
Sendo alguém que não te oferece conforto. 
Pense em mim como pensas em alguém que nunca 
Conseguirás guarda em teu coração.

Sonha-me! 
Sonhe-me, mas me sonhe como teu amigo, como alguém 
Que abrigas quando está ao desabrigo, como alguém que não
Ultrapassou a porta do teu coração.
Sonha-me, mas me sonhe como sonhas quando estás 
Acordada, e não feche os olhos para que estes vejam para
Onde estão indo os teus sonhos. 
Vamos! 
Se queres caminhar o meu caminho, caminhe-o, mas não 
Queira
Levar-me para o teu caminho por que te posso abandonar.

Sonha-me, mas sonhe-me como sonhas com a chuva que
Caiu ontem no meio da tarde e evaporou-se sob o calor
Inclemente do sol. 
Sonhe-me, mas me sonhes como sonhas com o vento que te 
Acorda no meio da madrugada, como sonhas com o vento que
Quisestes segurar, mas que escapuliu por entre os teus dedos e 
Partiu sem dizer-te adeus. 
Sonha-me, mas me sonhes como sonhas aqueles sonhos que 
Esqueces imediatamente após tê-los sonhado.
Sonha-me, mas me sonhes como um sonho que nunca
Quisestes sonhar.

                                                                 Mauro Lucio


                                                  *


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