Paro, despido, diante do meu espelho e
Este, com ar de deboche, repara o meu
Corpo nu e não evita um sorriso maroto
Que visita os seus lábios. Então ele me
Pergunta: - Te lembras como era quando
Eras menino? Lembra-te da Lêda, da
Elzinha e da Lúcia? Tantas brincadeiras
Divertidas, banhos tão demorados!
O meu espelho de agora, logicamente,
Não é o mesmo espelho de outrora, mas
Ele conhece as minhas histórias de
Adolescência e, vendo hoje o meu corpo
Despido não evitar o seu ar de deboche
e
Me pergunta: - A Rita, a Suely, a Fátima
Já te viram assim? Porque os teus banhos
De agora são tão rápidos? Já não gosta
De brincar diante de mim?
De agora são tão rápidos? Já não gosta
De brincar diante de mim?
O meu espelho é cínico. Claro que ele
Sabe o que acontece agora. O meu corpo
Velho já não tem mais o vigor de outrora.
Ao ver-me nu, o meu espelho me examina
Com desdém e se acaba em sorriso.
Vendo-me urinar no chão, molhando tudo
Em volta do vaso, sarcástico, o espelho
Me pergunta: Precisa de uma mão?
Em volta do vaso, sarcástico, o espelho
Me pergunta: Precisa de uma mão?
Mauro Lucio
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