domingo, 5 de agosto de 2012

Jorge, Amado


Acho que já li Jorge Amado! 
Sei lá, terei lido?
O tempo faz a gente esquecer as coisas.
É, mas acho que o li sim.
Ha poucos dias, passeando nos trilhos da minha memória, o encontrei 
me contando uma de suas histórias. 
Nem me lembro bem sobre o que ele falava, mas me recordo que era 
sobre algo belo, alguma coisa que ainda que eu deixasse perder-se no 
tempo não esqueceria. 
Era sensibilidade pura, talvez não fosse sobre as Marias, mas era 
sobre as mulheres, mulheres da Bahia, de repente era só uma poesia.

Um dia, quase de repente, alguém me disse que se vivo Jorge Amado
Estaria com cem anos.
Então perguntei: O Jorge morreu? 
Quando?  
Não! 
O Jorge não morreu!
Ainda ontem,  passeando nas ruelas da minha memória o encontrei 
num bar, ali, numa das mil esquinas de Salvador, proseando com 
alguns de seus amigos contando-lhes histórias da velha Salvador.
Na ocasião ele falava dos pretos velhos e dos pretos moços, ele 
falava das morenas cor de canela, das pretas e de toda a gente que 
pisavam as pedras das ruas do pelourinho. 
Ai que dor! 
Pensar que alguém pode acreditar que o Jorge morreu causa tristeza,
causa muitas lágrimas, é um triste pesar.
Se o Jorge partir quem vai contar as histórias de vida que é a vida da
Velha Bahia?

O Jorge Amado é amado, e ele foi batizado assim, Amado. O Jorge
Não morre, ele é como a lua no fim da noite, ele só vai até ali para
Um repouso e volta já. Ainda ontem cedo o encontrei em uma banca
De revistas enquanto eu comprava um jornal. Sempre o encontro lá
Na livraria perto da minha casa. Interessante, mesmo quando viajo
Ao exterior alguém me pergunta por ele ou menciona seu nome.
É o Jorge! Sujeito muito amado, querido por todos de todas as línguas.
Um dia destes vi a televisão dedicar uma programação inteira a ele,
O programa falou de sua inteligência, de sua sensibilidade e de sua
Grandeza. Falou da beleza da sua simplicidade e da gente da sua
Cidade, falou, também, do colorido da sua gente e sobre a gente que
O cercava. Jorge Amado! Sujeito muito amado, querido por todos.
O Jorge não morreu! Há pouco, tomando Café num bar ali na esquina,
Perto de uma outra esquina, me deparei com ele sentado em uma
Mesa lá no canto sossegado, sendo lido, enquanto lia o seu jornal.

                                                                                 Mauro Lucio, agosto de 2012

                                                          *

2 comentários:

  1. Mais um belo poema Mauro. Jorge Amado ainda é uma personalidade que morre seu fisico, mas sua personalidade estará conosco por muitos anos....

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  2. Muito obrigado querida amiga pelo teu carinho pelo meu trabalho. bjs.

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