sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O tempo



O tempo esqueceu!
O tempo esqueceu a poeira
Deitada à margem do 
Riacho.
Ele esqueceu-a e nunca 
Mais voltou lá. 
O tempo deixou o 
Esquecido, esquecido nos
Pensamentos e seus cabelos 
Embranqueceram, 
Envelheceram e caíram. 
O tempo esqueceu-se das 
Coisas que antes ensinava, e
Hoje vaga como um bêbado
Desorientado no deserto da
Solidão.  Irado, o tempo 
Derrama a sua fúria sobre a 
Vida que verga mas não cede
E deita-se somente quando a
Fadiga lhe chama para deita. 
O tempo transformou-se em 
Um velho ranzinza que não
Para de reclamar, e diz que 
Tudo lhe pertence.
O tempo rouba os sorrisos 
Das faces, ele rouba o que é 
Meu, inclusive a minha vida.
O tempo rouba! Ele roubou a
Beleza da minha idade 
Jovem e derramou em meu 
Corpo o peso da idade, um 
Cansaço que é seu. 
O tempo esqueceu! 
O tempo esqueceu-se da 
Poeira que deitou às margens 
Do riacho e a soprou 
Novamente, derramou-a em 
Meu olhos e estes choraram. 

                             Mauro Lucio

                            *


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