quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Pensamentos toscos



Pensamentos toscos cheios
De ideias pervertidas, vestidas
De galhofas, risada vadia como
As moças que vivem nas
Esquinas.
As moças passam, olham e
Sorriem do desatino dos
Moradores do boteco que bebem
Qualquer treco que lhes põem ao
Alcance dos seus lábios, como se
Fora um beijo. Sem graça as moças
Vão, seguem seus descaminhos
De perdição, maldição que
Herdaram do destino daqueles
Que  muito bebem.
Pensamento tosco que, fugindo
Dos outros toma um treco para
Esquecer e cai esquecido.
Esquecido ele rola na poeira do
Chão que o acolhe sem conforto
E escancara tua boca como se o
Quisera engolir. Encostado na
Cerca que separa a vida do abismo,
Sua cabeça gira, seu estomago
Reclama e regurgita enquanto seu
Fígado, inchado, agita-se pensando
Estar vendo o fim. A cirrose,
Como as moças da esquina,
Rouba-lhe o pouco de vida que lhe
Resta e o empurra para o fim.
Pensamentos toscos, tolices,
Besteiras, asneiras que abraçam a
Embriagues que espera nas mesas
Do boteco os incautos. Incautos,
Sujeitos honestos, devotos dos
Santos, sonhadores que acreditam
Que o sofrimento pode acabar.

                                                Janeiro 24, 2013
                            
                       *


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fardo

  Envelheci. O que me foi dado a viver, vivi.  Os meus olhos, agora cansados, vêm, ainda que sem muita nitidez, a hora da minha despedida. V...