sexta-feira, 3 de maio de 2013

Vento de maio



O vento frio e seco do mês de maio remete-me
A um tempo que pensei poder esquecer com o
Passar do tempo.
O meu tempo de infância vivido nas ruas
Cascalhentas e poeirentas do Gaminha, hoje,
Setor Oeste do Gama.
Tempo de brincadeiras e de bons amigos; tinha
O Jamil, o Dilson, o Amantino, o Carlos, os
Gêmeos Zé e João e, tinha também, o Celso.
E as peladas! 
Os rachas que reunia sempre a gurizada nos fins 
De tarde e nos finais de semana no campinho ao
Lado do hospital de madeira e, mais tarde, lá no 
OPROMESO.
E as minhas paixões! 
Paixões nunca declaradas em minhas fantasias
Cada nova amiga era uma paixão. 
Coração pisciano! 
A Lúcia, galeguinha graciosa. 
A Elzinha, moreninha da cor do entardecer. 
A Fátima, noite de lua cheia e a Norma,  ruivinha 
De nariz empinado. 
Nem vou mencionar as outras tantas meninas que
Desfilaram na passarela das minhas fantasias.
As fantasias de um guri de onze anos, cheio de
Paixões inocentes. 
Dentre tantas paixões, confesso que a nenhuma
Amei como amei a Leda Maria. 
O vento frio e seco de maio me fala também das 
Durezas do levantar-me de madrugada para ir 
Trabalhar. 
Me fala dos ônibus que nunca passavam na hora 
Certa, e quando passavam estavam tão lotados 
Que não paravam.
O vento frio e seco de maio me traz de volta
Lembranças de uma infância muita dura, mas
Ainda assim, feliz. 
O vento frio e seco do mês de maio agora sopra
Em mim cheio de nostalgia e remete-me a um 
Tempo distante mas muito vivo em minha 
Mente.
Um tempo que o vento frio e seco do mês de 
Maio não me deixa esquecer.
O tempo passou, os amigos partiram, sumiram
No tempo, foram para lugares onde, certamente,
Nunca irei e de tudo que vivi sobrou apenas eu e 
O vento frio e seco de maio que me conta as
Nossas histórias para que eu não esqueça do 
Meu tempo de infância nas ruas sujas e 
Poeirentas do Gaminha, hoje, Setor oeste do
Gama.
                                               Maio 5, 2013.

                                    *



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