segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O medo



O vento me bate até enrugar a minha
Pele. 
A sola dos meus pés grossa,
Mais dura que as imposições da
Vida, não cria feridas mas me
Atrapalha a caminhar.
 O sorriso azedo, rindo de uma tristeza
Que recusa-se a ser sua, vaga pelas 
Ruas abandonado, entregue ao choro
Que chora sem cessar.
O vento sopra-me, resseca-me a pele
Até que esta, sem ter para onde
Esticar-se, rasga-se, quebra-se como
Folhas secas. 
Partida como trapo velho, a minha pele
Cai sobre os meus olhos e os impede 
De verem o que recusam-se a ver.
O sol me açoita, me bate, empurra-me
Para a sombra e esta me rejeita. 
Sem abrigo, me abrigo em  braços que
Nunca me abraçaram e deixo-me ser
Beijado por lábios impiedosos que 
Nunca amaram.
O frio morde a minha pele enrugada, 
Ressecada pelo vento, torrada pelo sol.
Ele morde e seus dentes batem em 
Meus ossos que soam como os sinos e
O rejeita,  fica assim.
A dor dói mas não me incomoda.
Ela Já me doeu tantas vezes que já não
Me assusta mais. 
Agora ela tem medo de o seu medo 
Não assustar o meu medo e cala-se,
Fica tão quieta que não a percebo
Doendo em mim.
 
                                                     Setembro 02, 2013.

 
                        *

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