quarta-feira, 29 de março de 2017

Os montes do meu devanear - The mountains of my daydreaming



Da minha infância já perdida no tempo contemplo
Os lamentos.
Olho o horizonte e vem-me os montes distantes,
Lugar onde em minha imaginação o sol se 
Escondia.
Lugar para onde eu fugia quando tinha medo de 
Apanhar.
Lugar onde o céu debruçava-se para abraçar o mar,
Montes do meu devanear.

Luta inglória querer vencer os montes quando 
Choro ao tropeçar nas pedras miúdas do meu 
Caminho.
Adulto, entendo menos a vida uma vez que aprendi
Que o sol, valente, nunca se esconde. 
Descobri que a lua é mulher da noite, moça vadia.
Hum! Como eu a queria!

Hoje contesto tudo que penso haver aprendido
Com o sofrimento.
Descobri que os montes misteriosos da minha 
Infância não guardam mistério algum.
São pedras, realidade pura, dor, coisa que não 
Muda.
A é! E a lua?
A lua nunca saiu para se encontrar comigo, ela 
Nunca dormiu em meus braços, mas ainda assim
A vejo como uma vadia.

Adulto, certo de que nunca sobrepujarei os 
Montes que abusaram da minha imaginação
Quando menino, hoje não permito ter os meus 
Pensamentos absorvidos por seus inígmas.
Não vencer os montes não é derrota, derrota é 
Eu chorar ao tropeçar nas pedras miúdas do meu 
Caminho.
Coisas da infância. 
Tola infância.

                            Lido da Silva, março de 2017

                                   @


Mountains of my daydreaming


From my childhood already lost in time I contemplate
The lamentations.
I look at the horizon and I see the distant hills,
Place where in my imagination the sun sets, hid.
Place where I fled to when I was afraid of to be
Punished.
A place where the sky leaned down to embrace the sea,
Mountains of my daydreaming.

Unglory struggle to want to conquer the hills when
I still cry if I trip over the small stones of my path.
As adult, I understand life less once I learned
That the sun, as a brave, never hides itself in front of 
Hardship.
I found out that the moon is a night´s woman, a bitch 
Girl.
Hmm! I wished her so bad in my arms!

Today I challenge everything that I thought that 
I have learned from the suffering.
I discovered that the mysterious mounts of my
Childhood holds no mystery.
They are stones, pure reality, pain, thing that will 
Never changes.
That is it! How about the moon?
The moon never came out to meet me, she
Never slept in my arms, but still
I see her as a bitch.

Adult, certain that I will never surpass the hills that 
Abused my imagination as a child, today I don´t 
Allow my thoughts be absorbed by its niggas.
I do not see as a defeat the impossibility of to
Conquer the hills, to me defeat is to cry when 
I tripping over the small stones that lays down on my 
Path.
Childhood stuff.
Foolish childhood.

                              @


terça-feira, 28 de março de 2017

Eu espírito - I as a spirit



Despido do que não sou,
Sou luz,
Sou água,
Sou sol,
Sou a brisa da madrugada.

Despido do meu corpo,
Sou orações,
Sou preces,
Sou esperanças,
Sou fé, sou a fé que nunca se desespera.

Sendo apenas o que de fato sou,
Sou desejo,
Sou sonhos,
Sou certeza
Sou razão, a razão que nunca argumenta.

Existindo somente como espírito,
Sou a porta aberta,
Sou o aperto de mão,
Sou o perdoar e esquecer,
Sou o amor, o amor que só conhece o amar.

Eu espírito,
Sou luz,
Sou chuva,
Sou sol,
Sou amor, o amor eterno.

                               Habacuc, março de 2017

    @


I as a spirit


Naked of what I am,
I am light
I am water,
I'm sun,
I am the breeze of dawn.

Stripped of my body,
I am prayers,
I am prayers,
I'm hoping,
I am faith, I am the faith that never despairs.

Being only what I am,
I am desire,
I am dreams,
I'm certainty,
I am reason, the reason that never argues.

Existing only as spirit,
I'm an open door,
I am an open hand,
I am a forgiving and forgetting,
I am the love, the love that only knows to love.

I as a spirit,
I am light
I am rain,
I'm sun,
I am love, eternal love.

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sexta-feira, 24 de março de 2017

Minha Loucura - My madness




Na lucidez da minha loucura,
Beijo a lua,
Saio a rua,
Sou só.
Na insanidade da minha lucidez,
Reviro os lixos,
Desenterro os bichos,
Recolho os ossos,
Junto os esqueletos
Os meus esqueletos,
Os meus medos.

Das lágrimas que verto, zombo.
O riso que dos meus lábios escapa, assusta.
Sussurro palavras sem sentidos,
Atiço as dores,
As dores.
Vivo a esquina,
Bebo os soluços,
Engulo o que choro,
Choro com medo de sorrir.
Vivo tantos medos,
Que sinto medo de ser feliz.

Lúcido desperto iras.
Prefiro a loucura, lugar onde gosto 
De me esconder.
Cadê você? 
Cadê você?
A noite me encontra despido, bêbado.
Sorrateiro me escondo do que não quero 
Saber.
Louco! Um grito grita lá fora, choro 
Aqui dentro, experiências que não vivo.
Risos perdidos,
Amores desiludidos,
Abraços não dados,
O doce da ilusão.

                         Habacuc, março de 2017


       @

My madness


In the lucidity of my madness,
I kiss the moon,
I go out,
I'm alone,
In the insanity of my lucidity,
I look through the rubbish,
I dig up the animals,
I collect the bones,
I get together the skeletons
My skeletons,
My fears.

The tears that I shed, I mock.
The laughter of my lips escapes frightens.
I whisper meaningless words,
I hit the pains,
The pains.
I live on the corner of the street.
I drink the sobs,
I swallow what I cry,
I cry afraid of the smile.
I live so many fears,
That I'm afraid to be happy.

Lucid awakens wrath.
I prefer the madness, a place where I like to
Hiding myself.
Where are you?
Where are you?
The night finds me naked, drunk.
Sneaky, I hide myself from what I don't
Want to know.
Crazy! A scream screams outside, I cry
In here, experiences that I don't live.
lost laughter,
Disappointed loves,
Hugs not given,
The sweet of illusion.

                            @


 



quinta-feira, 23 de março de 2017

Minha senhora - My lady



Te amo!
Que não seja discriminado por ninguém, o meu
Jeito louco de te amar.
Não!
Não falo aqui de paixão, falo de essência,
Do jeito,
Do sorriso,
Do olhar,
Da cumplicidade,
Enfim, falo do que só o cerne do espírito vive.

Te amo!
Amo o teu jeito de me amar, o teu passear daqui
Para lá, o teu cheiro.
Sim! 
O teu cheiro,
O teu perfume,
A madrugada,
O teu abstrato,
O orvalho,
As folhas, as flores,
O amor, o teu amor.

Te amo!
Que não debochem do meu jeito bobo de te amar.
Que não duvidem do meu “todo dia” te esperar.
Não!
Não falo dos arroubo do meu coração.
Falo da certeza e da razão,
Falo das loucuras da lucidez,
Falo dos atropelos da insensatez,
Falo do meu jeito louco de te amar.
Te amo!
Te amo.

                                              Habacuc, março de 2017


                    @

My lady


I love you!
May my crazy way to love you do not be 
Discriminated
By anyone.
No!
I'm not talking about passion here, I'm 
Talking about essence,
About the way,
About the smile,
About the look,
About complicity,
Anyway, I´m speaking about of what only 
The spirit is able to feel lives.

I love you!
I love your way of to love me, I love your 
Of to walk, I love your smell.
Yes!
I do love your smell,
I love your perfume,
I love the dawn,
I love your abstract,
I love the dew,
I love the leaves, the flowers,
I love, your love.

I love you!
May no one dare to make fun of my silly 
Way of to love you.
May nobody doubt about my “every day” to
Wwait for you.
No!
I´m not talking about the raptures of my heart.
I´m speak about the certainty and the reason,
I´m arguing about the madness of the lucidity,
I´m speak about the trampling of folly,
I´m speak about my crazy way of to love you.
I love you!
I love you.


                               @

segunda-feira, 13 de março de 2017

Das coisas - Of things



Do preâmbulo das coisas,
As dúvidas.
Consciência, engano, engodo.
O choro chora,
A certeza vai embora,
O tédio, o medo.

O chamado cala,
O fogo da paixão esfria.
O coração se deu, entregou-se,
Ferido morte, perde a fé.
Nada fica senão o adeus
Que nunca mais voltou.

Atônito, o amor bebe.
Quer esquecer o último beijo,
Desenlaça-se do abraço que o abraçou.
Estúpida noite,
Apagou a lua para te esconder.
E eu? E eu? e eu?

De nada adianta o amanhã,
Se este for igual ao hoje!
Não é vida!
Melhor que chova,
Detesto as mentiras dos devaneios,
Odeio as ilusões.

O preâmbulo introduz o que não viveu,
Fala de sentimentos que não se deu,
Engana, que sacana!
Ele mente, desavergonhadamente mente,
Engana, perde a gana,
Mata a última ilusão.

                      Habacuc, março de 2017


               @

Of things

From the preamble of things,
The doubts.
Conscience, deceit, deceit.
The cry cries,
The certainty goes away
The boredom, the fear.

The so-called silence,
The passion’ fire cools down.
The heart gave itself, surrendered,
Now wounded to death, loses his faith.
Nothing remains if not the goodbye
That never came back.

Astonished, the love get drunks.
He want to forget the last kiss, he 
Disentangles himself from the hug 
That embraced him. Stupid night, 
That turned off the moon to hide itself.
And I? And I? and I?

There's no meaning in tomorrow,
If it is the same as today!
It's not a life!
Better to rain
I hate the lies of the daydreams,
I hate illusions.

The preamble introduces what did 
Not  live, talk about feelings that didn't 
Happen, come on, what a bastard!
He lies, shamelessly lies, cheat, lose
The desire, kills the last illusion.

                     @

sexta-feira, 10 de março de 2017

O crime --- The crime



O crime é o enredo,
Estás com medo?
Quem manda não manda prender.
As famílias choram seus mortos,
Querem justiça mas a justiça,
Assustada, não quer se 
Envolver.

A inércia dos viventes encoraja 
O despudor que vaga pelas 
Ruas sem nenhum temor.
Ele rouba, mata e estupra, o
Medo é o dia a dia da gente,
Todos encafuados com medo.
O crime é tão absurdo que até 
Os cachorro tem medo de sair
À noite.

De repente um grito.
O soluço suplica por clemência.
Um estampido, mais outro e outro,
Mais uma vítima.
A justiça, assustada, se esconde.
A tolerância matou mais um,
Mais um inocente morto.

O medo é assustador,
Ficar preso em casa é um horror,
Mas como sair às ruas?
Terror, as cidades são só terror!
Os que desafiam o medo morrem
E suas famílias choram de dor,
Há muito o medo se fez 
Governador.

            Lido da Silva, março de 2017.

                   @


The crime

The crime is the plot,
Are you afraid?
The authority does not order arrest.
The families mourn their dead,
They want justice but justice,
Scared, don't want to get involved.

The inertia of the living encourages
The shameless that wander the
Streets without any fear.
The shameless steals, kills and rapes,
The fear is our everyday life,
All cowed in fear.
The crime is so absurd that even the
Dogs are afraid to go out
At night.

Suddenly a scream.
The sob pleads for mercy.
One bang, another and another,
One more victim.
The justice, frightened, hides.
The tolerance killed one more,
Another innocent dead.

Fear is so frightening,
Being stuck at home is a horror,
But how to go out on the streets?
Terror, cities are just terror!
Those who defy the fear dies
And their families cry in pain,
Its already long time the fear
Took control of the situation.

                    @

quarta-feira, 8 de março de 2017

Sr. Eleitor


Deixa de tolice, em eleições,
O voto não é de castidade,
É voto, é pecado,  é  político.
A fidelidade canina não salva,
O fanatismo condena.

Toma tino! O eleito, eleito está.
Se eleito sério, sério cuidava,
Não descuidava das coisas do eleitor.
Burrice à parte,
Mas confiar sem desconfiar
É suicídio.

Eleição não deve ser tratada como
Coisa do coração.
Votar com paixão é tolice,
Outrora eu diria burrice.
Ser fiel a político é como dar
O teu dinheiro para outro cuidar.

Eleitor fiel,
É eleitor que gosta de ser traído.
Ignorar os desmandos político,
Negar os deslizes do seu escolhido,
É alimentar o mal feito.
É mal feitor o eleitor que se recusa
A admitir os malfeitos do seu eleito.

Deixa de tolice.
O voto político nunca foi de castidade.
É voto de pecado,
Pecado do qual a fidelidade não salva.
Eleição não deve ser tratada como
Coisa do coração.

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sexta-feira, 3 de março de 2017

Desterro - Exile




Do desterro o medo
As lágrimas o enredo,
Coração.
O  "não"  é um aviso,
O descontentamento provoca,
Reage o bom senso,
Cala,
Não é hora de brigar.

A solidão é fria,
A saudade machuca, faz chorar.
Dos desentendimentos ao desterro,
A perda, o frio a lágrima.
Tenha dó,
O nó na garganta sufoca,
Estando ao teu lado
Me sinto só.

É um nó,
Da crença a descrença,
Um pingo, o desespero.
Não pode acabar assim,
Não deve ser assim,
O fim.
De repente é noite,
Num açoite a tristeza
E depois o adeus.

O desterro,
A solidão o medo,
O vazio me veste,
Entristece o meu sorriso,
Já é noite,
Madrugada,
O orvalho e o nada.
Ficou assim,
Esta assim,
Será assim
Até que o não diga sim. 

      Lido da Silva, março 2017


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Exile


From exile to fear
The tears the plot,
Heart.
The "no" is a warning,
The discontent causes
The common sense reacts,
Shut up,
It's not the time to argue.

The loneliness is cold,
The longing hurts, makes you cry.
From disagreements to exile,
The loss, the cold, the tear.
Have pity,
The lump in the throat suffocates,
Being by your side
I feel lonely.

It's a knot
From belief to disbelief,
A drop, despair.
It can't end like this
It shouldn't be like that,
The end.
Suddenly it's night
In a scourge of sadness
And then goodbye.

The banishment,
The loneliness, the fear,
The emptiness clothes me,
It saddens my smile,
It's already night,
dawn,
The dew and the nothingness.
It stayed like this,
It is like this,
it will be like this
Until the no says yes.

              @

Fardo

  Envelheci. O que me foi dado a viver, vivi.  Os meus olhos, agora cansados, vêm, ainda que sem muita nitidez, a hora da minha despedida. V...