quinta-feira, 7 de julho de 2016

É assim



Descompasso,
se abandonadas à sua sorte os viventes
se abraçam ao descaso e o toma por
destino.
Não é destino, mas desinteresse.

O desencanto, mudo, habita o coração
dos viventes.
Acostumados a não ter nada, a falta
não incomoda ao bate à porta de um
barracão.
Alheia a pobreza, a vontade de fazer
alguma coisa não se encoraja a agir, e
nem se incomoda com as críticas que
as criticam mesmo com receio de as
criticar.

Sorte do desaviso que, descuidado, não
se dá conta da vida dos viventes.
O descuido, oportunista como sempre
foi, se nega a ver o que os seu olhos
insistem em lhe mostrar.

As ruas, indignadas, comentam, o dia
finda e se vai, vai e dá lugar ao sinistro
que chega com a noite.
O casebre assiste a tudo com cismas,
mas as cismas não o conforta.

Amanhece e a fome senta-se à mesa,
ela veio para compartilhar do pouco
que os viventes vão se servir.
Os desavisados, olham para o casebre
e finge não o perceber.

Acostumado, o susto não se assusta
com a assustadora pobreza do casebre,
e mas sensível que a fome não toma
assento àquela mesa, se recusa a tirar
daqueles o que eles não tem.

O prometido há muito foi esquecido e
os viventes não tem com quem falar.
Que lastimas, as promessas
subnutridas morrem antes de
frutificarem.

Nos casebres, apesar da indignação e
das lágrimas vertidas, os tijolos
permanecem inertes em seus lugares
e os descuidados, em seus descuido,
não lhes prestam atenção.

O Observador - Chuy, junho de 2016

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domingo, 3 de julho de 2016

Desatino - Folly


Um tapa me bate,
reclamo, choro, mas
outro tapa me cala.
Desalento,
abandono,
vivo só.
Sina,
castigo,
praga ou destino?
Mordo a língua,
as palavras traem,
cismo,
tenho medo,
sinto frio.
O barulho do silêncio assusta,
as lágrimas queimam.
Meu coração,
este, não tem jeito,
apaixona-se desavergonhadamente.
Ele mente,
engana-me,
ilude-me.
Tudo se repete,
casos já contados,
sorriso sem graça,
vergonha.
Já amei,
já chorei,
apanhei por causa da paixão.
Acontece de novo,
sina,
castigo,
praga,
bato na boca,
as palavras traem.
Desatino,
meu destino.

       Lido da Silva - Chuy, julho de 2016

              @

Folly

A slap hits me,
I complain, I cry.
Another slap shuts me up.
Dismay,
Abandonment,
I live alone.
Fate,
Punishment,
Prague or destiny?
I bite my tongue,
The words betray,
Schism,
I am scared,
I feel cold.
Silence is scary
Tears burn.
My heart,
My heart, there's no way to it,
Fall in love shamelessly,
It sais a lie,
Deceive me,
Delude me.
Everything is repeated
Cases already told,
Graceless smile,
Shame.
I already loved
I already cried,
I got it because of the passion.
It happens again,
Fate,
Punishment,
Prague,
I slap in the mouth,
The words betray,
folly,
Destiny.

               *

Devotos da perversidade.

  Me recuso a acreditar que mentes sanas deem a luz a pensamentos insanos. Não! Definitivamente não creio que aconteça  de um coração justo ...