se abandonadas à sua sorte os viventes
se abraçam ao descaso e o toma por
destino.
Não é destino, mas desinteresse.
O desencanto, mudo, habita o coração
dos viventes.
Acostumados a não ter nada, a falta
não incomoda ao bate à porta de um
barracão.
Alheia a pobreza, a vontade de fazer
alguma coisa não se encoraja a agir, e
nem se incomoda com as críticas que
as criticam mesmo com receio de as
criticar.
Sorte do desaviso que, descuidado, não
se dá conta da vida dos viventes.
O descuido, oportunista como sempre
foi, se nega a ver o que os seu olhos
insistem em lhe mostrar.
As ruas, indignadas, comentam, o dia
finda e se vai, vai e dá lugar ao sinistro
que chega com a noite.
O casebre assiste a tudo com cismas,
mas as cismas não o conforta.
Amanhece e a fome senta-se à mesa,
ela veio para compartilhar do pouco
que os viventes vão se servir.
Os desavisados, olham para o casebre
e finge não o perceber.
Acostumado, o susto não se assusta
com a assustadora pobreza do casebre,
e mas sensível que a fome não toma
assento àquela mesa, se recusa a tirar
daqueles o que eles não tem.
O prometido há muito foi esquecido e
os viventes não tem com quem falar.
Que lastimas, as promessas
subnutridas morrem antes de
frutificarem.
Nos casebres, apesar da indignação e
das lágrimas vertidas, os tijolos
permanecem inertes em seus lugares
e os descuidados, em seus descuido,
não lhes prestam atenção.
O Observador - Chuy, junho de 2016
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