quarta-feira, 24 de junho de 2020

Tudo é cisma




Tudo é cisma!
Os argumentos gladiam-se após o flertar.
Confuso, o medo, com medo cala.

O escuro cisma com a noite, só prudência.
Em tempos confusos, o silêncio cala.
A lua, cautelosa, não espera pela madrugada.

Os cachorros vigiam a casa, mas não latem!
Os gatos há muito não andam nos telhados.
Só há trevas, mesmo nos dias de sol, trevas.

Os leões urram mas só miados são ouvidos.
Que chova, que passe logo, que seja resolvido.
Os pássaros falantes foram engolidos.

Aqui, ali, e acola, ouve-se barulhos!
Cismado, o medo fecha as portas e as janelas.
Claro! A vara verga antes de açoitar.

Tudo é cisma, até mesmo o cismar.
O cantar de outrora quer voltar a cantar.
Mas o cantar de agora jura, não vai deixar.

                                  $

Hora do adeus



Partir!
O partir é um parto.
A dor não tarda.
Hora do adeus.

Haja Deus!
Momento de angústia.
Despedida.
Mais uma ferida.

O ficar não é opção.
O tempo passou.
Na garganta um nó.
Chore não!

O abraçar quer ser eterno.
O eterno não existe.
Desiste!
É hora do adeus.

                 #

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Uma situação



 Há uma situação!
O vento seco do planalto sopra frio.
Tão frio quanto o semblante dos passantes.

A intolerância impera, aqui, ali, acolá.
Irmãos estranham irmãos, tristeza.
Cuidado! Sangue pode rolar.

O céu, ainda que muito azul, chora.
O sol não traz vida aos desalentados.
O desespero se faz impaciente.

O cerrado está frio cinzento!
As boas novas não se sustentam,
Choram, esvaem-se em lamentos.

Frágil a esperança está inquieta.
A ansiedade está em todos lugares.
A coragem, o medo e o incerto se confundem.

Há uma situação muda!
A incerteza, como certeza se cala.
A alvorada é gélida, seca terrivelmente seca.

                 #

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Em teu olhar - In your eyes




Vejo Deus no céu lindamente azul,
Vejo Deus no acariciar da brisa em
meu rosto, no ipê amarelo repleto
de flores a me acenar.
Eu vejo Deus.

Eu vejo Deus no brilho do sol, na
exuberante beleza do amanhecer e
no cantar dos pássaros.
Eu vejo Deus.

Vejo Deus!
Vejo Deus no contraste do verde
das árvores com azul do céu. 
E, também, vejo Deus no brilho
dos teus olhos diante do meu 
olhar.

Eu vejo Deus!
Vejo Deus no teu sorriso sorrindo
para o meu sorriso.
Sim!
Sem dúvida, vejo Deus no teu jeito
de me amar.

Então vejo Deus! Vejo Deus na 
tristeza da saudade, no vazio da 
distância e no frio da solidão.
Eu vejo Deus nas lágrimas de 
despedidas e na dor das aflições.

Eu vejo Deus!
Vejo Deus no silêncio da 
madrugada, nos mistérios que
habita no escuro das noites e nas
flores. 
Eu vejo Deus em todos os
lugares, inclusive em teu olhar.

           Habacuc, Brasília, junho de 2020.

                   #

In your eyes

I see God in the beautifully blue sky,
I see God in the caress of the breeze in
my face, in the yellow ipe tree full
of flowers waving at me.
I see God.

I see God in the sunshine, in the
exuberant beauty of the dawn and
in the singing of birds.
I see God.

I see God!
I see God in the contrast of green
trees with the blue of the sky.
And, I see God in the glow
of your eyes looking at mine.

I see God!
I see God in your smile, smiling
to my smile.
Yes!
Without a doubt, I see God in your way
to love me.

Then I see God! I see God in the
sadness of the long, I see God in the
emptiness of the distance and in the
cold of the solitude.
I, also, see God in the tears of the
goodbyes and in the pain of the
afflictions.

I see God!
I see God in the silence of
dawn, in the mysteries that
lives in the dark of the nights and
in flowers.
I see God in everywhere, including
in your eyes.

                  #

A mentira



A mentira virou verdade, onde ela sempre
foi tida como meretriz, agora desfila 
como imperatriz.

Humilhada pela mentira a verdade, 
vencida, se recolheu.
De tanto escárnios sofridos ela morreu.

E tu vivente, nada fizestes!
Não chorastes e nem uma oração 
dissestes.
Não te pregarei agora um sermão, mas
estejas certo de que vives na contramão!

Tripudiada pela sociedade verdade,
humilhada, partiu.
Absoluta, a mentira ganhou status de 
dama e, como dama, manda.
Manda e desmanda, zomba dos que 
creem com o ressurgimento da verdade.

A mentira virou verdade!
Como verdade, ela mente, mente e 
engana toda a gente.

A mentira virou verdade e como
verdade ela não aceita contestação.
Se a contestas ela mata a ti, os teus 
pais, e os teus irmãos.

             Habacuc,  Brasília, junho de 2020.

                      #

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Despedida - Despedida



Faz frio!
A saudade inquieta o espírito.
A despedida se pronuncia.

Todos partiremos.
Eu, tu, ele, nós, vós, eles.
É nossa sina.

Então não chores!
Vida!
Só viva!
Estou indo.

Incógnitas.
Mistérios, mistérios, mistérios.
É a morte.

Silêncio!
Sorria se puder! 
Silêncio!
Silêncio! 
Ouçamos o vento.

Então a despedida.
A porta se abre.
Um último olhar.
Adeus!

  Habacuc - Brasília, junho de 2020

         #

Despedida

¡Hace frío!
El anhelo perturba el espíritu.
Se pronuncia la despedida.

Todos nos iremos.
Yo, tu, el, nosotros, vosotros, ellos.
Es nuestro destino.

¡Entonces no llores!
¡Vida!
¡Solo vive!
Estoy yendo.

Incógnitos.
Misterios, misterios, misterios.
Es la muerte.

¡Silencio!
¡Sonríe si puedes!
¡Silencio!
¡Silencio!
Escuchemos el viento.

Luego la despedida.
La puerta se abre.
Una última mirada.
¡Adiós!

                #

Simples



Simples
  
Simples assim.
O céu azul.
O sol a brilhar.

O orvalho da madrugada.
A brisa matinal.
O pôr do sol no entardecer.

Então o amor.
De repente a paixão.
Vida, coração.

Meu criador.
Criador do universo.
A reflexão.

Então a chuva.
A terra molhada, o vento.
As flores.

Tudo é tão simples.
Sem questionar a razão.
O Criado e a criação.

                  #


quinta-feira, 11 de junho de 2020

Capoeira - Capoeira



Capoeira
  
O corpo gira, o suor pinga no chão.
E o canto é de guerreiro negro,
Presta atenção meu irmão!

A intenção não é de matar.
Mas o meu coração não que morrer.
Se alguém tem que partir, então que seja você.

O pé voador pousa firme no chão.
A poeira levanta, quando o corpo cai.
Esta luta veio da África trazida pelo meu pai.

Sou filho da África.
Não lhe pedi para me trazer pra cá.
Na força me trouxeste, agora tens que me aturar.

Que chore o atabaque manhoso,
Que resmungue nas noites de luar.
Sou filho da África, mas estou aqui para ficar.

O corpo ágil gira no ar,
Como uma pena repousa no chão,
Baila capoeira querida, dê vida a este irmão.

                                   Lido da Silva, junho de 2022


                        #

 Capoeira


The body spins, sweat drips onto the floor.
And the song is of a black warrior,
Pay attention my brother!

The intent is not to kill.
But my heart doesn't want to die.
If someone has to go, then let it be you.

The flying foot lands firmly on the ground.
Dust rises when the body falls.
This fight came from Africa brought by my father.

I am a child of Africa.
I didn't ask you to bring me here. By force you 
Brought me here, now you must to put up with me.

Let the sly drum to cry,
May he grumble on moonlit nights.
I am a son of Africa, but I am here to stay.

The agile body spins in the air,
As a feather rests on the ground,
Dance darling capoeira, give life to your brother.

                         #

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Negra



Negra

De ébano são os teus olhos,
O mais lindo marfim, no teu sorriso.
Só o teu sorriso!

A tua pele preta,
Mistério, noite, madrugada.
Estrelas, orvalho e o teu olhar.

Tulipa negra, beleza rara.
Segredo intocado ...!
Fantasia, devaneio, paixão.

              #


terça-feira, 9 de junho de 2020

Suicida



Suicida

O salto no abismo, silêncio.
Braços acolhem, abraços.
Mãos recolhem, lágrimas.

               #

Despercebido



Despercebido

Não percebi ...vida.
A vida tem descuidos ...tantos.
Descuidado morro ...só.

Lido da Silva


                #

domingo, 7 de junho de 2020

Sem sentido



Não entendo o sentido do silêncio
Quando este não diz nada.
Não responder não anula as questões,
Elas estão lá, ficam caladas, mas ainda
Assim vejo a interrogação em seus olhos.

Quando me deparo com o silêncio,
Sem graça abaixo a minha cabeça
Desvio o meu olhar do seu olhar.
É horrível não saber responder a interrogação
Expressar em um olhar ansioso.

Não entendo o sentido do silêncio
Quando este se faz mudo.
Nu como as perguntas dos tolos,
O sorriso, meio que zombeteiro, desdém
Do que parece inteligente na interrogação.

E o senão que condiciona tudo.
Não faz sentido vestir o silêncio quando
O sorriso chora.
Deixar para lá não ameniza a angústia
De quem está a esperar.

Nunca entendi a necessidade da busca
Pelas coisas. São coisas, diz o silêncio!
As coisas só acontecem porque têm que
Acontecer, mas tal como o silencio,
Não têm sentido algum.

                         $

                                      Samambaia 08.06.2020

segunda-feira, 1 de junho de 2020

A ignorância






Ignorante na arte e na ciência e com extrema dificuldade
No trato com as letras, não teço comentários sobre
Eventos dos quais nada sei. Desconheço a fonte das
Informações que chegam ao meu conhecimento mas
Lamento ver a ignorância manifestar a sua ignorância
Como se fora algo sábio e os incautos a aplaudi-la.

O livro Eclesiastes diz:  “O que acontece agora já
Aconteceu antes, e o que acontecerá no futuro também
Já aconteceu, pois Deus faz as mesmas coisas
Acontecerem repetidamente”.
Daí as minhas considerações e ponderação; gente que
Há muito ignora Deus em momentos de turbulência
Argumenta como se Deus fora.

Quando não se tem certeza de coisa alguma é sábio
Não crucificar o rei por suas decisões, até porque
Trata-se de um estágio onde as dúvidas são prevalentes.
Lembrem-se não é inteligente desacreditar o rei
Quando este ainda tem o apoio dos seus súditos e,
Ainda, a guerra hora travada não é a guerra só do rei
É a guerra de todos.

Que não elegemos o desespero o nosso guia!
Que não ruminemos informações que tendem induzir o
Nosso espírito ao desalento.
Prudência ao ouvir, moderação ao falar e sabedoria ao
Agir é a melhor receita para os momentos de crise.
A moderação é sábia, ela cria tempo para o raciocínio
Lógico, e a lógica percebe os seus reais inimigos.

Ignorante na arte, na ciência e com absurda dificuldade
No trato com as letras, me embrenho nas entrelinhas
Do que foi a minha vida e me lembro que o ser humano,
Quando distante de Deus, é animal bruto é perverso,
Pura maldade. O homem sem Deus é a essência do
Egoísmo e na luta por seus projetos de poder não se
Importa com dor daqueles que diz querer proteger.

                                   @

Fardo

  Envelheci. O que me foi dado a viver, vivi.  Os meus olhos, agora cansados, vêm, ainda que sem muita nitidez, a hora da minha despedida. V...