sábado, 21 de junho de 2025

Má companhias

 


Nunca fui dado  a gandaia, mas  confesso

que, no passado,  andei cortejando a 

Mentira, a Falsidade e a Traição.

Todas mulheres úteis, criaturas que se 

dão facilmente a qualquer vivente que 

deseje usá-las. 


Jovem, desavisado das coisas da vida, 

aqui e ali andava em má companhia.

Em minhas andanças, não raro, beijei a 

Falsidade, me deitei com a Traição, e me 

fiz acompanhar pela Mentira.


Meretrizes, todas são prostitutas que se 

entregam a qualquer vivente que queira

com elas se deitar.

A Mentira, a Falsidade e a Traição são 

prostitutas, todas são mulheres prontas 

para se darem à prostituição. 


E tu, que me apontas por causa dos 

meus descaminhos, porventura nunca te 

deitastes com pelo menos uma destas 

mulheres?

Então por que me apontas?

Hipócrita!


Os hipócritas, junto com suas 

hipocrisias, são os primeiros a alcançar

a porta do inferno.

Aliás, a Hipocrisia é a pior das prostitutas 

que se oferecem aos viventes.

A Hipocrisia é a mais vil dentre todas as 

prostitutas. 


Quando sem experiência de vida todos 

erramos, mas erramos mais ainda se, 

quando já experientes ignorarmos o 

perdão.

Como podes tu, hipócrita, apontar-me se, 

certamente, andastes com as mesmas 

meretrizes com as quais andei?


Nunca fui dado a gandaia, mas confesso

que, embriagado pela vaidade,  até com a

Traição me deitei.

A Traição é aquele tipo de mulher que se 

o vivente descuida ela rouba-lhe até o 

coração.


A Mentira, a Falsidade e a Traição, são 

todas prostitutas mas os viventes, ainda 

que sabendo o que são, aqui e ali a 

tomam em seus braços.

A Falsidade, a Mentira e a Traição são 

todas mulheres de vida fácil, e vividas

como são, sabem como conquistar 

corações.


O Observador - Chuy, junho de 2025.


               @ 


quarta-feira, 18 de junho de 2025

A nuvem

 

Há poucos, sentado à sombra do mistério

onde eu imaginava ser lugar em que o 

sol costumava descansar,  devaneando

me flagrei admirando o  suave caminhar

de uma nuvem que naquele momento

enfeitava o céu.


Havia tanta leveza no valsar daquela 

nuvem no céu que, de repente, me 

descobri duvidando se haveria, no

mundo, motivo forte o suficiente, a

ponto de fazer com que aquela criatura

tão meiga fosse tomada de fúria e

reagisse com violência. 

 

Quando então,  do nada, o vento se fez

agressivo e sacudiu tudo à sua volta. 

Sim, o vento, aparentemente, usou de 

uma violência desnecessária, ao 

empurrar tudo e a todos com força 

desmedida.

Surpresa, até onde o sol repousa, 

acidentes se dão.


Desperto, meio frustrado, constatei que 

mesmo as criaturas mais dóceis, como a 

nuvem que há pouco eu admirava a sua

serenidade, se provocada 

transformam-se em tempestade e, sendo 

tempestades comporta-se como tal e

não se apieda de ninguém que a tenha 

por teto.


Há pouco, sentado à sombra do mistério 

onde eu acreditava ser o lugar em que sol 

costuma a repousa, testemunhei uma

nuvem ao ser incomodada pelo vento,

aborrecida se fez tempestade, e sendo

tempestade destroçou, sem piedade, a

minha ilusão de que criaturas doces,

independente das circunstâncias,

permaneceriam sempre dóceis.


   Mauro Lucio - Chuy, maio de 2025.



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terça-feira, 20 de maio de 2025

Vinhos

                                                                    FOTO: Ana Clara D. Souza


Falo dos amores, dos sabores

e das fantasias.

Falo dos vinhos, falo de néctar,

falo de paixão, de histórias e

estórias, falo das cores.


Falo de vida, de flores e de 

amores.

Falo de ti, falo de mim, falo do

outono, da primavera e dos 

casos de amores.


Traga-nos uma taça do mais 

primoroso dos vinhos, do vinho

que ansiou décadas para 

celebrar o nosso encontro,

 para celebrar nós dois.


Vamos beijar o néctar dos 

néctares, o mais nobres dos 

vinhos, o nosso vinho.

Venha, nos agasalhemos 

neste universo de cores.


Vivamos o nosso sabor, o  

sabor do nosso beijo, o calor do

nosso abraço e mais um caso 

de amor, a nossa paixão, os 

nossos vinhos,  a nossa união.


O Observador - Chuy, maio de 2025.


               #


sábado, 17 de maio de 2025

As tuas agruras

 


Não preciso que me contes,

o que contas para ti quando

em tua solidão.

As tuas agruras são tuas

agruras e só a ti cabe vive-las,

então não as atire em meus

braços.


Eu,ainda que choramingando

aqui e acolá, lamento os meus

lamentos sem te incomodar.

Vá!

Tome os teu pecados como

teus pecados e não queira me

apontar.


Sou cismado com as verdades

que me contas porque o que me

contas me soa como meias

verdades.

Me falas das noites claras que

não te deixam dormir, mas 

não falas dos dias escuros que

não deixas clarear.


Ouço com cismas as tuas

estórias, e a tua história me

causa arrepio.

Outrora chorei, junto contigo,

as tuas dores e hoje me dou

conta do quanto isso me

custou.


As minhas cismas vêem com

cismas as tuas dores e duvida

que elas de fato doam como

dizes doerem.

Lágrimas enganam e o

descuido induz o incauto à 

piedade, e piedade é o que

não mereces receber.


O Observador - Chuy, maio de 2025.


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sábado, 3 de maio de 2025

Desacorçoado

 



Ultimamente tenho andado um tanto 

quanto desacorçoado, ando meio 

acabrunhado, sem saber onde ir.

Sei lá!

Me sinto meio perdido, sem rumo,

sem saber para onde caminhar.


Me sinto assim!

Mesmo estando no sol, sinto frio. 

Ainda que no silêncio, ouço barulhos,

e em meio a multidão, me sinto só.

Sim!

Muito esquisito, ultimamente, tenho

me flagrado achando a vida um nó.


Por mais disfarçada que a falsidade

esteja, a sinto no ar.

Ainda que muito bem escondida, a 

mentira não consegue me enganar,

e  então sofro, sofro e não consigo

disfarçar.


Ando tão desacorçoado ultimamente

que até o silêncio do silêncio me 

incomoda.

Ando cismado, tenho dificuldade de

acreditar até nas coisas que no 

passado acreditei.


Sim!

Ando me sentido como o vento que

sopra as noites escuras do inverno.

Sinto-me como o sol nos dias de

chuva.

Me sinto como o ocaso a se despedir

da luz do dia.


          O  Mensageiro - Chuy, maio de 2025


                           @ 


domingo, 27 de abril de 2025

Tombei.

 

Foram tantos os tombos que

tombei em minha vida, que 

já não me é mais possível 

chorar todas as minhas

feridas.


Amargurado verto os tragos

que tomei, descaminho os 

caminhos que caminhei e, 

em desabafo, profiro  

palavrões.


Abandonado pelos alentos, 

ouço os soluços dos meus 

lamentos chorando sua

solidão e, só então, entendo

a minha situação.


Dos tantos tombos que 

tombei ficou, em mim, a 

cisma do sentimento da

paixão e, então, recuso-me

a me apaixonar.


Foram tantos os tombos que

tombei que, nos dias de hoje,

evito me por de pé, tenho

medo de tombar mais uma

vez.


O Observador - Chuy, abril de 2025.


                     @ 


quinta-feira, 10 de abril de 2025

A franqueza

 

Gosto do jeito rude da franqueza!

Mulher rústica, sem maquiagem,

personalidade que assusta os 

incautos, mas que nunca deixa

de me impressionar.


Sim, a franqueza me impressiona, 

gosto do seu modo, ela entra sem 

bater na porta ou pedir licença.

Claro! Não se assuste, a 

franqueza conhece moderação.


Em sua discrição a franqueza,

como às mulheres sábias, nunca

diz “sim” se a situação requer o

“não”.

Toda a minha admiração.


Amo o jeito franco de a franqueza

se fazer entender.

Direta, ela odeia rodeios e, se se

fizer necessário magoar para se

fazer entender, ela magoará.


Eis a minha paixão primeira! 

Companheira com quem gosto 

de estar, ser divino que não se

dá às fantasias, e odeia enganar.

Minha amada franqueza, 


O Observador - Chuy, abril de 2025.


              @ 


Má companhias

  Nunca fui dado  a gandaia, mas  confesso que, no passado,  andei cortejando a  Mentira, a Falsidade e a Traição. Todas mulheres úteis, cri...