domingo, 9 de fevereiro de 2020

O futuro



Não gosto de falar do amanhã,
O prematuro é frágil, consequentemente incerto.
O medo de sofrer num futuro que nem sei se viverei me assusta,
Daí tornar-me cumplice do presente, por saber que no
Presente não há dúvidas, ele já está aqui, é agora.

Outra noite fui surpreendido por um céu maravilhosamente
Estrelado que jurava que o dia seguinte seria lindo, um dia sol,
E amanheceu chovendo.  O mesmo se dá com os abraços
Guardados para um amor futuro, coisa incerta que ainda virá,
Esvanecem no tempo sem abraçar ninguém.

Não sou discípulo do futuro,
O futuro está muito longe de ser algo com que conto.
Me dou por satisfeito com o que tenho agora e engulo
Os choros que choraria se tivesse certeza de que o
Amanhã chegará para mim.

Na verdade, quando vejo o dia ganhar a cor da minha pele,
E tenho a oportunidade de ouvir o relógio tique taquear a
Meia noite, oro uma prece, agradeço a Deus mais um dia
Vivido e experimento a satisfação da certeza de estar
Vivendo mais passo em direção a um futuro que não sei
Se existe.

Não sou dado a pensar nos eventos longínquos, nas coisas
Que residem num tempo que não sei se viverei.
Outro dia me peguei experimentando um arrependimento por
Não ter vivido um evento que me foi dado a oportunidade
De viver. Não o vivi preocupado com um futuro que ainda
Hoje não sei se viverei. Trato o futuro como uma ilusão.

                                               @





sábado, 8 de fevereiro de 2020

Espírito opaco



Tu espírito opaco, energia sem luz, egoísta.
Vagueias por todos os cantos recrutando
Pensamentos desavisados para comporem a
Tua horda de embebidos por tuas mentiras.

Tu espírito que semeia o ódio sobre aqueles
Que, sensíveis a má energia, não te ouvem,
Não te seguem, te ignoram. Tu opaco sem luz,
Que seduz somente os fracos sem convicções.

Tu espírito desagregador, mentiroso, falso,
Energia sem luz que brada, jura falsamente,
E promete o que não pretende cumprir,
O frio do desprezo já começou a te engolir.

Tu energia vazia de amor ao próximo, a tua
Horda, tão falsa quanto a ti, não tarda a te
Faltar, são iguais, são semelhantes a tu,
Energia sem luz.

Tu espírito enganador, tens uma horda e não
Um exército de féis. Infiéis oportunistas são
Os teus seguidores, espíritos fracos enganados
E enganadores, dissimulados iguais a ti.

                                 *


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Renascer no espírito



 Não faz sentido não perceber a beleza do rio em seu curso
Caminhando em direção a morte para se fazer maior.
Ser como os rios, livres do egoísmo e das ambições,
Sem apego às coisas que esta vida traz,
Agasalhado na certeza de que quando morre nos
Braços do mar, ele será maior,
E mais intenso.

Não faz sentido o amor vazio,
O amar o que não se pode herdar.
Não se herda corpo,
O físico é terra, água, vento, ar, que,
Como fumaça, desaparece quando a vida o deixar.
O corpo sem espírito é como a lágrima sem dor,
É o enganar.

Não faz sentido,
Não faz sentido não perceber as nuvens em suas
Viagens silenciosas se misturarem com a eternidade.
É absurdo não entender que nada se dá por acaso,
Que as fatalidades são nós, percalços de um caminho,
Que como o curso dos rios, segue para o estágio,
Onde se fará maior.

Que as lágrimas chorem a saudade e a dor das despedidas.
O adeus sem data de reencontro é mistério, assusta, faz
Frio, faz medo, muito medo, porém não é sábio chorar 
A morte.
A elevação espiritual necessariamente passa pelo fim 
Desta vida, que nunca se dá antes do seu tempo.
Foi para isto que nascemos, é para isto que vivemos.

Observe a água da chuva sendo sugada pela terra.
Atente para o escuro absorvendo a luz,
A poeira se perdendo no firmamento e as lembranças
Se entregando ao esquecimento.
Tal como se passa com tudo neste mundo, o mesmo se dá
Com a nossas avida que segue o seu curso rumo a morte 
Para se fazer melhor. 

                               *

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Acontece



De repente um choque explode no centro
Do meu cérebro e, num milésimo de segundo
O solo se abre e me engole.
Sou engolido e regurgitado em questão
De segundos.

Seria um espanto, se tempo eu tivesse tido para me
Espantar.
Não foi um susto, porque tudo se deu tão
Rápido, que não teve tempo para o susto chegar.
Foi assim, não me assuntou, mas ficou
Em mim, deixou em meus lábios uma oração.

De repente me descubro sendo engolido
E regurgitado pelo solo.
Sensação estranha é esta de partir, ir embora
Sem sair do lugar.
As vezes penso que em algum momento vou,
Mas não irei voltar.

Então o choque.
O meu corpo é tomado por uma descarga elétrica
Que me empurra para as profundezas do solo
E me traz rapidamente de volta.
Não há susto, não há medo, fica somente a
Incompreensão.

A ignorância do me físico não lhe permite,
Compreender o comportamento do meu abstrato.
De fato, o meu corpo debate-se num universo
Que o faz conhecer a sua insignificância diante da
Espiritualidade que realmente sou.

                            *

Fardo

  Envelheci. O que me foi dado a viver, vivi.  Os meus olhos, agora cansados, vêm, ainda que sem muita nitidez, a hora da minha despedida. V...