domingo, 9 de fevereiro de 2020

O futuro



Não gosto de falar do amanhã,
O prematuro é frágil, consequentemente incerto.
O medo de sofrer num futuro que nem sei se viverei me assusta,
Daí tornar-me cumplice do presente, por saber que no
Presente não há dúvidas, ele já está aqui, é agora.

Outra noite fui surpreendido por um céu maravilhosamente
Estrelado que jurava que o dia seguinte seria lindo, um dia sol,
E amanheceu chovendo.  O mesmo se dá com os abraços
Guardados para um amor futuro, coisa incerta que ainda virá,
Esvanecem no tempo sem abraçar ninguém.

Não sou discípulo do futuro,
O futuro está muito longe de ser algo com que conto.
Me dou por satisfeito com o que tenho agora e engulo
Os choros que choraria se tivesse certeza de que o
Amanhã chegará para mim.

Na verdade, quando vejo o dia ganhar a cor da minha pele,
E tenho a oportunidade de ouvir o relógio tique taquear a
Meia noite, oro uma prece, agradeço a Deus mais um dia
Vivido e experimento a satisfação da certeza de estar
Vivendo mais passo em direção a um futuro que não sei
Se existe.

Não sou dado a pensar nos eventos longínquos, nas coisas
Que residem num tempo que não sei se viverei.
Outro dia me peguei experimentando um arrependimento por
Não ter vivido um evento que me foi dado a oportunidade
De viver. Não o vivi preocupado com um futuro que ainda
Hoje não sei se viverei. Trato o futuro como uma ilusão.

                                               @





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