quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Renascer no espírito



 Não faz sentido não perceber a beleza do rio em seu curso
Caminhando em direção a morte para se fazer maior.
Ser como os rios, livres do egoísmo e das ambições,
Sem apego às coisas que esta vida traz,
Agasalhado na certeza de que quando morre nos
Braços do mar, ele será maior,
E mais intenso.

Não faz sentido o amor vazio,
O amar o que não se pode herdar.
Não se herda corpo,
O físico é terra, água, vento, ar, que,
Como fumaça, desaparece quando a vida o deixar.
O corpo sem espírito é como a lágrima sem dor,
É o enganar.

Não faz sentido,
Não faz sentido não perceber as nuvens em suas
Viagens silenciosas se misturarem com a eternidade.
É absurdo não entender que nada se dá por acaso,
Que as fatalidades são nós, percalços de um caminho,
Que como o curso dos rios, segue para o estágio,
Onde se fará maior.

Que as lágrimas chorem a saudade e a dor das despedidas.
O adeus sem data de reencontro é mistério, assusta, faz
Frio, faz medo, muito medo, porém não é sábio chorar 
A morte.
A elevação espiritual necessariamente passa pelo fim 
Desta vida, que nunca se dá antes do seu tempo.
Foi para isto que nascemos, é para isto que vivemos.

Observe a água da chuva sendo sugada pela terra.
Atente para o escuro absorvendo a luz,
A poeira se perdendo no firmamento e as lembranças
Se entregando ao esquecimento.
Tal como se passa com tudo neste mundo, o mesmo se dá
Com a nossas avida que segue o seu curso rumo a morte 
Para se fazer melhor. 

                               *

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