Ilusão!
Acreditar que sou ouvido,
loucura minha, atrevido, que razão?
A verdade não tem dono, fria ela
não seduz ninguém.
Dura como aço, fria como gelo, se
provocada, a verdade tem prazer em
ferir e não quero ser ferido, pelo
menos, agora não!
Não quero ser acordado.
Acreditar no que me recuso a ver, é
mais real que dar crédito a verdade
que grita aos meus ouvidos.
Aborrecido com a verdade acuso-a
de deitar-se com quem pode mais.
Fácil me enganar, tolo acredito no
que as mentiras que dizem estar
com a razão.
Razão!
Rosna a mentira e com ela estarão
todos, inclusive eu.
A ilusão é doce, mulher vadia beija
nos lábios como ninguém, ela sabe
se fazer mais prazerosa que uma
noite inteira de amor.
Excitação, orgasmo e outras
loucuras que andam de mão dadas
com a mentira.
Ilusão!
Acredito no que sou induzido
a acreditar, sem me importar
que seja mentira ou não!
Quando gosto aceito como
verdade, entrego-me, me deixo
enganar.
Como todos mortais, gosto de
ser enganado, gosto de me
eludir, de ser iludido.
Me iluda!
Minta e lá estarei eu me
permitindo ser enganado.
As verdades gritam à minha
volta, dou voltas, me recuso a
escutar.
Estou feliz, só dou ouvidos às
minhas verdades, as verdades
que quero escutar, ainda que
estas verdades sejam mentiras.
Mauro Lucio, Chuy, fevereiro de 2016
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