quarta-feira, 29 de abril de 2015

Gota a gota


Gota a gota
escorro pela vida até que a velhice, ávida 
por vidas, abrace meu corpo cansado e
o toma para si.
Gota a gota espero a hora de partir e,
quero partir sem me despedir.

Nada nesta vida parece fazer
sentido e me cansa observar o tempo
me consumir pouco a pouco sem me
dar opções.
Me observo sendo consumido dia após
dia sem ter a quem reclamar.

Vou do desespero à consternação, ouço 
cantigas e canções.
Apaixonado choro os amores vividos,  
pensando na angústia da hora do adeus. 
Ilusões e desilusões, gota a gota sou 
consumido.

Gota a gota,
escoo pelas fendas do que entendo
ser a vida.
O  meu lamento não para de lamentar
ainda que sabendo que o tempo não o 
está a escutar.

De lembranças e recordações vivo o
que acredito ser a vida.
Curto as dores e convivo com as 
feridas, se sinto frio me agasalho na 
saudade e nas lembranças do tempo 
que passou.

De gota em gota
me despeço do que creio ter sido me 
dado a viver.
A velhice chegou com o tempo, tempo
que me consome desde momento que 
me foi dado à luz, luz, que cansada, 
ameaça se apagar.  

     O Mensageiro, Chuy, abril de 2014
                         
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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Descompasso


Não faz sentido,
estou perdido,
vivo escondido,
esquecido,
em descompasso.

Deixado ao tempo,
jogado no relento,
resto, sobejos,
beijos,
abraçado pela solidão.

O destempero,
meu desespero,
a doce amargura,
o afago da ternura,
a acides do não,
o sorriso do sim.

Aturdido esqueço,
me perco,
sei deste cálice,
passo,
não insista, 
estou em descompasso.

O Observador - Chuy, abril de 2015

       *


O teu chicote

Não creio que me odeias como acreditas me odiar. Penso que o que inquieta o teu espírito é saber que já não vivo mais sob o teu julgo, que j...