escorro pela vida até que a velhice, ávida
por vidas, abrace o meu corpo cansado e
o toma para si.
Gota a gota espero a hora de partir e,
quero partir sem me despedir.
Nada nesta vida parece fazer
sentido e me cansa observar o tempo
me consumir pouco a pouco sem me
dar opções.
Me observo sendo consumido dia após
dia sem ter a quem reclamar.
Vou do desespero à consternação, ouço
cantigas e canções.
Apaixonado choro os amores vividos,
pensando na angústia da hora do adeus.
Ilusões e desilusões, gota a gota sou
consumido.
Gota a gota,
escoo pelas fendas do que entendo
escoo pelas fendas do que entendo
ser a vida.
O meu lamento não para de lamentar
ainda que sabendo que o tempo não o
está a escutar.
De lembranças e recordações vivo o
que acredito ser a vida.
Curto as dores e convivo com as
feridas, se sinto frio me agasalho na
saudade e nas lembranças do tempo
que passou.
De gota em gota
me despeço do que creio ter sido me
dado a viver.
A velhice chegou com o tempo, tempo
que me consome desde momento que
me foi dado à luz, luz, que cansada,
ameaça se apagar.
O Mensageiro, Chuy, abril de 2014
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