Que o meu
corpo não seja enterrado,
Tenho sério
problema de claustrofobia
E seria horrível
me sentir enclausurado,
Acho que morreria outra vez.
Quando eu
atravessar antessala, se possível for,
Quero uma linda oração, que o
meu corpo
Seja cremado e as cinzas jogadas
ao vento, de
Preferência em uma praia, ou pelo menos em
Um rio que desemboque no mar.
Quando morto,
Quero navegar
os mares,
Quero viver, quero bailar com as ondas
E assistir
as águas, em sua fúria, atirarem-se,
Se jogarem com violência contra os rochedos
Que teimosamente insistem bloquear o
seu caminho.
Em espírito
quero voar embrenhado ao corpo do
vento.
Quero subir aos céus, quero confundir-me com a poeira.
Quero ser a
poeira, ser a brisa que ama as flores na
Surdina da madrugada.
Morto, quero
viver as experiências que não me
foram
Dadas a viver enquanto em vida.
Que o meu
corpo não seja enterrado quando o meu
Último suspiro de vida for dado.
Que os meus
restos repousem flutuando no ar e, sendo
Pó, entre por todas as frestas sem discrição.
Que confundido
com o vento eu sopre os desencantos,
Que eu faça
flutuar as cortinas misturado à brisa
Do entardecer.
Que o meu
corpo não seja enterrado, que não seja
Consumido pela terra, que não morra
mais uma vez
Coberto pela
tristeza.
Não peço para que
não chorem a minha morte, sei que
Sempre haverá alguém para chorar os mortos. Mas
Suplico que as lágrimas vertidas por mim não dure além
Do que sei não ser constrangedor.
Quando eu partir não enterrem
o meu corpo, tenho medo
Do escuro.
Quero, no além
desta vida, ainda ver o nascer do sol,
Quero continuar
a ser banhado pelo prateado da lua e
Sentir o perfume
da terra molhada pela chuva.
Já morto, ainda quero ser beijado
pela madrugada e beijar
O sorriso daqueles que
me beijaram enquanto em vida.
Quando eu
morrer que o meu
corpo seja cremado e
Nunca enterrado.
Tenho claustrofobia e não suportaria
o peso da terra sobre o
Meu
corpo.
Morto, não
quero ser enterrado pois quero continuar
Admirando a beleza romântica do por do sol.
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