Diante do pavor das lágrimas,
Que se agarravam no nada
Em sua tentativa inútil de fugir
Dos motivos para chorar,
Calei.
Apavorado,
Vi o sorriso recusar-se a sorri.
Vi o “senão” fingir ser a certeza
E fazer crer não haver outro jeito.
Vi a certeza, atormentada, encher-se
De dúvidas e calar.
As dúvidas,
Malditas dúvidas que reprouzem dúvidas.
O medo, sujeito incestuoso, nojento,
Que desperta o sono, que rouba a paz.
Paz, que paz?
Como haver paz, se a paz se abandonou?
Calei.
Diante do assombro das faces calei.
Vi medos, admissão do terror.
Que horror! Bater a porta ao entrar,
Passar para outros as minhas incertezas,
E deixar ficar como se nada tivesse a ver.
Calei.
Enfim,
A realidade assustadora,
O pânico e a impossibilidade de gritar.
Ironia! O tempo apaga tudo, apaga a dor,
Cura feridas, me dá a esquecer.
Cura feridas, me dá a esquecer.
O tempo me permite esquecer até a tristeza
Que um dia ele atirou em meus braços.
Uh, deixa pra lá!
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