quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Não me chorem


... as pedras caiam, mas que não me acordem.
Discordem, calem, calem porque não 
chorarei as mortes.
A sorte dos que partem é não verem a
lágrimas dos que ficam.

... o pó se levante mas, quando caírem, que 
não caiam em meus olhos.
Não chorarei pó, resto de vida, poeira, 
asfixia.
Não permitirei os meus olhos lacrimejarem.

Que tragam flores e, que estas não sejam 
para o meu túmulo, infortúnio que ainda não
me sucedeu.
Sou eu a vida depois da vida, um caminho 
só de ida, que a vida viveu.

Não me chorem!
Indo embora não me despedirei.
Dou-te meu abraço agora, para não ter que 
encontrar me esperando.
Não sou vida, sou pedra, sou pó, sou só.

... que as pedras caiam!
Que a terra me cubra até que eu esteja 
pronto para voar.
Que as lágrimas sequem antes de eu me 
deitar.
Não me chorem, não gosto, nem vou gostar.

                    Lido da Silva - Chuy, dezembro de 2015

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