sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O meu povo está cego

 



Outra vez, mais um vez, com profunda
tristeza e amargura assisto o povo, o 
meu povo, absolver Barrabás e, como 
louco ensandecido, sacrificar a 
decência e outros valores que me são 
caros.

Definitivamente não sei como o meu 
povo pensa que será o mundo quando 
todos, sem exceção, tiverem que negar
a minha existência.
Que triste, que triste, que triste!

O meu povo não tem a menor noção 
do que pede, do que quer.
Consternado grito: não, não, não!
O povo, o meu povo, está surdo e 
não me ouve.
Ele se perdeu.

Transbordando tristeza assisto a 
minha gente, como uma manada em
estouro, rumando ao precipício e 
então, desta feita suplico: - Outra 
vez não! Por favor não! Choro!

A tristeza inunda o meu coração, 
perdi os meus filhos, perdi a parte 
mais preciosa da minha criação.
Humilde, ainda que sabendo que 
jamais me ouvirão, suplico que me
ouçam,  pois sou a solução.

Do topo do monte onde, em outro 
tempo, fui crucificado, assisto o meu
povo, gente pela qual dei a minha
vida, iludida, louca ensandecida 
absolverem Barrabás e me 
condenarem uma vez mais.

            Habacuc - Chuy, janeiro de 2021

                         @

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