E, de repente, me flagro pensando na vaidade.
Vaidade, mulher faceira que me faz crer
vive-la, enquanto ela me vive.
Sim, a vaidade me vive, me vive até onde, não
sendo eu mais útil a ela, me entrega à velhice.
Velho, sou abandonado pela vaidade nos
braços do meu destino.
Verdade! Entretido com as fantasias que a
vaidade, astutamente oferece, envelheço sem
me dar conta das crueldades desta mulher
chamada vaidade.
A vaidade me vive me fazendo crer ser eu
a vivê-la.
Tolo, envolvido pela vaidade, não percebo ser
apenas um joguete em suas mãos.
Amo a vaidade, como nenhum homem deveria
amar uma mulher, mas a amo.
Ainda que reclamando pelo desdém com que
sou tratado pela vaidade, a amo como jamais
amei outra mulher.
Hoje, velho grisalho, me causa arrepios a
indiferença com que sou tratado pela minha
paixão maior, a vaidade.
Velho, vivendo das recordações do tempo da
juventude, enciumado, assisto a vaidade,
indiferente ao que fomos, sair com jovens.
A vaidade me devolveu ao meu destino,
destino que abandonei em minha juventude
para viver, com a vaidade, as suas aventuras.
Que o meu destino não me despreze como o
desprezei quando me entreguei a vaidade.
O Mensageiro - Chuy, agosto de 2024.
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