Há poucos, sentado à sombra do mistério
onde eu imaginava ser lugar em que o
sol costumava descansar, devaneando
me flagrei admirando o suave caminhar
de uma nuvem que naquele momento
enfeitava o céu.
Havia tanta leveza no valsar daquela
nuvem no céu que, de repente, me
descobri duvidando se haveria, no
mundo, motivo forte o suficiente, a
ponto de fazer com que aquela criatura
tão meiga fosse tomada de fúria e
reagisse com violência.
Quando então, do nada, o vento se fez
agressivo e sacudiu tudo à sua volta.
Sim, o vento, aparentemente, usou de
uma violência desnecessária, ao
empurrar tudo e a todos com força
desmedida.
Surpresa, até onde o sol repousa,
acidentes se dão.
Desperto, meio frustrado, constatei que
mesmo as criaturas mais dóceis, como a
nuvem que há pouco eu admirava a sua
serenidade, se provocada
transformam-se em tempestade e, sendo
tempestades comporta-se como tal e
não se apieda de ninguém que a tenha
por teto.
Há pouco, sentado à sombra do mistério
onde eu acreditava ser o lugar em que sol
costuma a repousa, testemunhei uma
nuvem ao ser incomodada pelo vento,
aborrecida se fez tempestade, e sendo
tempestade destroçou, sem piedade, a
minha ilusão de que criaturas doces,
independente das circunstâncias,
permaneceriam sempre dóceis.
Mauro Lucio - Chuy, maio de 2025.
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