quarta-feira, 18 de junho de 2025

A nuvem

 

Há poucos, sentado à sombra do mistério

onde eu imaginava ser lugar em que o 

sol costumava descansar,  devaneando

me flagrei admirando o  suave caminhar

de uma nuvem que naquele momento

enfeitava o céu.


Havia tanta leveza no valsar daquela 

nuvem no céu que, de repente, me 

descobri duvidando se haveria, no

mundo, motivo forte o suficiente, a

ponto de fazer com que aquela criatura

tão meiga fosse tomada de fúria e

reagisse com violência. 

 

Quando então,  do nada, o vento se fez

agressivo e sacudiu tudo à sua volta. 

Sim, o vento, aparentemente, usou de 

uma violência desnecessária, ao 

empurrar tudo e a todos com força 

desmedida.

Surpresa, até onde o sol repousa, 

acidentes se dão.


Desperto, meio frustrado, constatei que 

mesmo as criaturas mais dóceis, como a 

nuvem que há pouco eu admirava a sua

serenidade, se provocada 

transformam-se em tempestade e, sendo 

tempestades comporta-se como tal e

não se apieda de ninguém que a tenha 

por teto.


Há pouco, sentado à sombra do mistério 

onde eu acreditava ser o lugar em que sol 

costuma a repousa, testemunhei uma

nuvem ao ser incomodada pelo vento,

aborrecida se fez tempestade, e sendo

tempestade destroçou, sem piedade, a

minha ilusão de que criaturas doces,

independente das circunstâncias,

permaneceriam sempre dóceis.


   Mauro Lucio - Chuy, maio de 2025.



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