domingo, 27 de abril de 2025

Tombei.

 

Foram tantos os tombos que

tombei em minha vida, que 

já não me é mais possível 

chorar todas as minhas

feridas.


Amargurado verto os tragos

que tomei, descaminho os 

caminhos que caminhei e, 

em desabafo, profiro  

palavrões.


Abandonado pelos alentos, 

ouço os soluços dos meus 

lamentos chorando sua

solidão e, só então, entendo

a minha situação.


Dos tantos tombos que 

tombei ficou, em mim, a 

cisma do sentimento da

paixão e, então, recuso-me

a me apaixonar.


Foram tantos os tombos que

tombei que, nos dias de hoje,

evito me por de pé, tenho

medo de tombar mais uma

vez.


O Observador - Chuy, abril de 2025.


                     @ 


quinta-feira, 10 de abril de 2025

A franqueza

 

Gosto do jeito rude da franqueza!

Mulher rústica, sem maquiagem,

personalidade que assusta os 

incautos, mas que nunca deixa

de me impressionar.


Sim, a franqueza me impressiona, 

gosto do seu modo, ela entra sem 

bater na porta ou pedir licença.

Claro! Não se assuste, a 

franqueza conhece moderação.


Em sua discrição a franqueza,

como às mulheres sábias, nunca

diz “sim” se a situação requer o

“não”.

Toda a minha admiração.


Amo o jeito franco de a franqueza

se fazer entender.

Direta, ela odeia rodeios e, se se

fizer necessário magoar para se

fazer entender, ela magoará.


Eis a minha paixão primeira! 

Companheira com quem gosto 

de estar, ser divino que não se

dá às fantasias, e odeia enganar.

Minha amada franqueza, 


O Observador - Chuy, abril de 2025.


              @ 


terça-feira, 11 de março de 2025

O teu chicote



Não creio que me odeias como
acreditas me odiar.
Penso que o que inquieta o teu
espírito é saber que já não vivo
mais sob o teu julgo, que já
não me encontro ao alcance do
teu chicote, já não podes me
chicotear.

O meu pesadelo acabou, o teu
destempero já não me aflige, e
os teus gritos não me acordam
mais no meio da noite para me
acusar.
Estou fora do alcance do teu
chicote, não podes mais me
chicotear.

Há muito não sei de ti, e quando
fico sabendo, sou avisado do
teu desprezo por mim.
Enfim, não creio em teu
desprezo, acho que o que te
angustia é saber que gosto das
coisas assim como elas estão.
O teu chicote não chegando 
em mim.

O teu chicote, se eu permitisse,
ainda hoje me chicotearia.
Ninguém percebeu as minhas
lágrimas, mas chorei muito
enquanto sob o teu julgo, o preço
cobrado pela minha liberdade foi
absurdo, mas valeu, estou fora
do alcance do teu chicote.

O mensageiro - Chuy, março de 2025.


           $


domingo, 9 de março de 2025

O pó e o teu corpo


A terra, o pó e o teu corpo.
O teu corpo!
A vida, o sorriso, as lágrimas, o cantar e eu.
O cantar que canta, que expressa os sentimentos,
a razão.
Os pensamentos confusos, a certeza cheia de
incertezas, às dúvidas.
A caminhada iniciada sem a certeza da chegada
ao destino.

A terra, o pó, o teu corpo.
O vento a soprar, o sol a aquecer e a lua com o
seu olhar meigo.
As lágrimas vertidas em momentos de alegria e
de emoção, ansiando por distinguir-se dos prantos,
das lágrimas choradas em momentos de tristezas.
O teu corpo, a tua vida, a vida que te concedo,
as tuas certezas e incertezas.
Os medos do início, do fim e do meio.

A terra, a água, o ar, a tua vida.
A vida que ganhastes sem pedir e que vives
acreditando não ter satisfações a dar.
O teu pranto, o teu sorriso e os motivos pelos
quais choras e sorris.
A vida, a terra, o pó e tu com a tua displicência
em me reconhecer.
A chuva, a lama, o barro seco e o pó, o teu
corpo.

          O Mensageiro, Chuy - março de 2025

                    +


terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Estou ao relento

 

Os bons sentimentos foram-se, 

sumiram, dissolveram-se no tempo,

me deixaram ao relento, estou  só.

Só, choro as lágrimas que o teu

adeus deixou em mim. 


Dado as circunstâncias, ainda que

não acreditando mais em 

sentimento algum, sinto ser eu a 

apagar a luz e trancar a porta,

a porta do meu coração.


Sem ti, ainda que sendo verão, o 

vento se faz frio em meu peito.

Que jeito?

Sem jeito não vejo as estrelas que

brilham no céu e, não me importa a

lua, não tenho gana de sair às ruas.


Dado as circunstâncias, apesar de

já ter decorrido décadas, a dor do

teu adeus ainda dói em mim.

Meu Deus!

Caminhei tantos caminhos que nem

sei em que descaminho te perdi.


        Lido da Silva - Chuy, fevereiro de 2025.


                        #


sábado, 18 de janeiro de 2025

Quem se importa

 


Quem se importará com a dor, se

a dor doer somente em mim?

Meus tropeços, minha vida, ouço,

mudo, os sorrisos dos risos que 

sorriem zombando de mim.


As lágrima vertidas pelos meus

lamentos, ferem a minha face 

quando em sua marcha feroz 

rumo aos meus lábios.

Num descuido, abrem 

violentamente os meus lábios e 

os obriga bebe-las. 


São tantas as pedras em meu 

caminho que, que em certos 

momentos de minha jornada 

duvido se viver é melhor que 

morrer.


Quem se importa com as 

lágrimas que verto?

Ninguém se interessa pelas 

feridas donde brotam as minhas

lágrimas e, no velório do meu 

sorriso vivente algum apareceu.


O Mensageiro, Chuy, janeiro de 2025.


               @ 


sábado, 28 de dezembro de 2024

Em meu interior



Observando as minhas atitudes

interior, percebo os meus

pecados ansiando por pecar. 

Percebo a inquietude do meu

espírito e o seu protestando por

eu censurá-lo.


Misericórdia meu amado Deus!

Os pecados que nasceram 

juntos comigo insistem em pecar.

São pecados, os meus pecados,

mas entendo não ser obrigado

a peca-los.  


Agora, já idoso, olhando pelo

retrovisor da vida, me entendo

como alguém que sempre 

caminhou lado a lado com os 

pecados sem, no entanto, 

tomá-los por companheiros.   


Piedade amado Deus!

Nunca se canse de me perdoar e,  

quando me julgares, me julgue

como os pais julgam seus filhos e

nunca como os juízes soiam julgar. 

Sou seu filho senhor!


      Habacuc, Chuy, dezembro de 2024.

 

                    @ 


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A felicidade

 


Não sei quantas chuvas vivi, mas

sei que já vivi o suficiente para

saber que, querer passar para os

outros a fórmula da felicidade é 

sandice.


As despedidas me ensinaram que

a felicidade e a tristeza moram

no mesmo endereço, e por serem

muito próximas, andam de mãos

dadas.


A vivência me ensinou que a

felicidade é como um sopro, é

como uma experiência que se dá

sem a necessidade de se explicar.

A felicidade acontece, só se dá.  


Eu mesmo, em muitas ocasiões,

vivi a infelicidade por não ser

capaz de reconhecer a felicidade.

A felicidade compartilha o

mesmo této com a infelicidade.  


Não sei quantas outras chuvas

ainda viverei, mas o que as

chuvas me ensinaram sobre a

felicidade, guardo comigo, bem

aqui, comigo.


O Mensageiro - Chuy, novembro de 2024.


              @ 


domingo, 17 de novembro de 2024

Vives em mim


Acreditei ter me despedido de ti,
mas ainda hoje, tenho você
comigo.
Vives em mim, és a fonte de
toda a saudade que aflige o meu
coração.

Quando te disse adeus, acreditei
estar te deixando ali, onde nos
vimos pela última vez.
Não foi o que aconteceu e, até
hoje, te guardo comigo.

Meu Deus!
Quantas vezes, sacudido no
meio do dia pela saudade, desejo,
como louco, me reencontrando
contigo.

Os anos se passaram, mas
esta parte da estória da minha
vida, o tempo se recusou a
apagar.
Você está aqui, mais viva que
tudo, no meu dia a dia.

Tomado pela saudade, em meio
ao silêncio da madrugada,
tento ouvir a sua voz, mas o
tempo me repreende, ele me
lembra que você é uma história
que eu não soube viver.

 

O Mensageiro - Chuy, novembro de 2024.


                @ 


sábado, 16 de novembro de 2024

Confusões

 

Observando as minhas confusões

me deparo com as situações me

tirando para dançar com elas e

danço!

Danço do amanhecer ao anoitecer. 


O céu amanheceu cinzento e o

vento sopra desconfiado.

O sol avisou que não sairá hoje, 

então que a noite não tarde, e que

a tarde não se manifeste.


O hoje, cheio de incertezas, não

tem o que me dizer. 

Ele está esperando pela chuva, 

mas a vinda da chuva é tão 

incerta quanto os meus dias.


Diante de tantas incertezas, me

desfaço do que me restava de 

lucidez e converso  com o 

silêncio que, até então,

 permanecia mudo ao meu lado.


Há muito a loucura me espreita e

as incertezas me incomodam e 

então, observando as minhas 

confusões percebo a loucura  me

tomando pela minha mão. 


  O Mensageiro - Chuy, novembro de 2024


segunda-feira, 28 de outubro de 2024

O observador

 


Observando o mundo à minha volta,

percebo o desespero tomando os 

viventes pelas mãos e os levando 

ao medo.


O medo espreita, o desconhecido é

sinistro, mas nenhum vivente se 

atreve a acender a luz. 

O medo está no controle.


Pobre de nós, os inocentes, perto

dos culpados, e distantes do

Criador!

Que o medo não me ouça!


O desespero é só é aterrorizante,

hoje, porque no passado, nós, os

viventes, o escolhemos. 

Loucura!  


Que o Criador tenha compaixão de

nós, os inocentes, porque os

culpados, eu sei, não terão.

Viventes devoram viventes.


O Mensageiro - Chuy, outubro de 2024


                #


Tombei.

  Foram tantos os tombos que tombei em minha vida, que  já não me é mais possível  chorar todas as minhas feridas. Amargurado verto os trago...