Guerra desigual é esta na qual só
os guerreiros negros tombam.
Luta inglória que a história,
envergonhada, esconde, se nega
a contar.
Lágrimas, sorrisos interrompidos,
dor.
Muita dor!
As favelas gemem, a dor brota de
suas entranhas e estranha quando
os passantes lhe perguntam
porque está a chorar.
Chora morro, chora favela!
Chora os teus filhos que morrem
sem que lhes seja dado a
porque está a chorar.
Chora morro, chora favela!
Chora os teus filhos que morrem
sem que lhes seja dado a
conhecer outro mundo senão a
favela.
Chora mãe preta, chora!
favela.
Chora mãe preta, chora!
O teu filho nunca mais voltará.
Corre mãe preta, guarde os teus
Corre mãe preta, guarde os teus
filhos daqueles que dizem
querer ajudá-los!
Proteja-os das balas perdidas, a
querer ajudá-los!
Proteja-os das balas perdidas, a
lei está subindo o morro e não
tarda a começará a atirar.
tarda a começará a atirar.
Conte, menino negro, a história
que a história se nega a contar.
A lei está subindo o morro e
quando desce levará o teu corpo
em um caixão.
Chora, as vítimas das balas
perdidas, mãe preta!
Ouça, menino, com atenção a
Chora, as vítimas das balas
perdidas, mãe preta!
Ouça, menino, com atenção a
batucada que batuca na
madrugada!
Ela bate como as batidas do teu
coração quando tentas fugir
da condição de favelado.
Ela bate como as batidas do teu
coração quando tentas fugir
da condição de favelado.
Escravidão maldita que nunca
teve fim, ainda hoje, escraviza a
minha gente, e rouba os meus
entes queridos, e continua
correndo atrás de mim.
Luta desigual é esta que gera as
circunstâncias para que nós, os
negros, continuemos a nascer nas
favelas, local de onde só saímos
quando a lei sobe o morro e, em
meio as balas perdidas, nos leva
dentro de um caixão.
Guarda os teus filhos mãe preta,
proteja-os das balas pedidas que
sem piedade te faz chorar.
Chora morro, chora favela, vives
uma história que a história se
nega a contar.
O Observador - Chuy, maio de 2016
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