sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Tu gente sem credo





Que tu criatura sem fé não me ouças,
Mas azar o é teu.
Experimentar o terror do medo
Sem ter a quem gritar,
Engolir os sustos a seco,
Sem ter em quem se apegar,
E não gozar da alternativa de  
Poder clamar,  é desventura,
É desventura.

Que tu pessoa sem fé,
Em tua descrença não convalesça nos braços
Da depressão.
Que o frio do desagasalho espiritual não
Vista o teu coração.
Que a materialidade das coisas nunca lhe
Pregue um sermão.
Que a verdade irada não lhe atire ao chão.

Que tu gente sem fé não me leia,
Que não ouça as orações que oro por teu espírito,
Pois as oro por teu espírito e não para o teu espírito.
Que a minha fé não lhe agrida,
Por não ser esta a minha intenção,
Oro por ti, como oro para nossos irmãos,
Coisas do meu coração.

Que tu gente sem fé,
Não sinta medo, que as enfermidades jamais
Lhe encontre, que os amigos não lhe faltem,
Pois creio ser desesperador a solidão,
Penso ser horrível o inverno espiritual,
E enlouquecedor a falta de um ser supremo,
A falta de um porto confiável,
Nos momentos das grandes tempestades.                                                                

Que tu pessoa sem fé não me leia!
Que nunca saiba das orações que oro por tua alma,
Que rogo a Deus piedade para o teu espírito.
Pois é certo que, inda que tarde, haverá de chegar
O momento em que tu se encontrarás
Frente a frente com Deus.
Oro para que esse dia seja um dia de
Arrependimento
Que seja o dia de pedido de perdão,
Que não seja de contestação.

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