A solidão grita no meio da madrugada e
acorda os
insones.
A solidão acorda todos que, assim como ela,
sofrem de solidão.
A solidão acorda os pérviges para contar-lhes
contar as suas estórias sem fim.
Na ânsia de fugir da sua solidão, a solidão
abraça-se ao seu medo
de ficar só, e grita.
Ela grita!
A solidão grita um nome qualquer, ela grita o
nome que imagina ser o nome que vai ouvi-la, um
nome que não ignore a sua solidão.
No meio da madrugada, enquanto o silêncio sai
para fazer a sua ronda, a solidão certificar-se de
que podes ouvi-la.
Certa de que a ouves, a solidão te fala, sem parar,
dos tormentos que
a atormenta.
Nesses momento, a solidão te toma pelos braços,
e te leva para passear em um tempo, num tempo
em que eras feliz.
A solidão grita
no meio da madrugada e acorda
os insones.
Pessoas
que, ainda apaixonadas, foram
abandonadas em suas paixões.
Nas primeiras horas do amanhecer, quando o
sol
bate à sua porta, a solidão, mulher de vida
noturna, foge.
A solidão foge, ela corre e se mistura à multidão
que povoa o seu dia a dia.
A solidão se esconde em passados que
esqueceste ter vivido, e que pensas não voltará.
Descuido, que imprudência!
Imprudente, deixas a porta do teu
coração
Entreaberta e, no meio da noite,
longe do calor
do dia a dia, a solidão volta a gritando para
certificar-se de que podes ouvi-la.
O Mensageiro, Brasília, setembro de 2012.
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