quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A solidão



A solidão grita no meio da madrugada e acorda os
insones.
A solidão acorda todos que, assim como ela, 
sofrem de solidão. 
A solidão acorda os pérviges para contar-lhes 
contar as suas estórias sem fim.
Na ânsia de fugir da sua solidão, a solidão 
abraça-se ao seu medo de ficar só, e grita.
Ela grita!
A solidão grita um nome qualquer, ela grita o 
nome que imagina ser o nome que vai ouvi-la, um
nome que não ignore a sua solidão.

No meio da madrugada, enquanto o silêncio sai 
para fazer a sua ronda, a solidão certificar-se de 
que podes ouvi-la
Certa de que a ouves, a solidão te fala, sem parar,
dos tormentos que a atormenta.
Nesses momento, a solidão te toma pelos braços,
e te leva para passear em um tempo, num tempo 
em que eras feliz.  
A solidão grita no meio da madrugada e acorda 
os insones. 
Pessoas que, ainda apaixonadas, foram 
abandonadas em suas paixões. 

Nas primeiras horas do amanhecer, quando o 
sol bate à sua porta, a solidão, mulher de vida 
noturna,  foge.
A solidão foge, ela corre e se mistura à multidão
que povoa o seu dia a dia.
A solidão se esconde em passados que 
esqueceste ter vivido, e que pensas não voltará.
Descuido, que imprudência! 
Imprudente, deixas a porta do teu coração
Entreaberta e, no meio da noite, longe do calor
do dia a dia,  a solidão volta a gritando para
certificar-se de que podes ouvi-la. 

                  O Mensageiro, Brasília, setembro de 2012.

                             *

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A felicidade

  Não sei quantas chuvas vivi, mas sei que já vivi o  suficiente para saber que, querer passar para os outros a fórmula da felicidade é  san...