quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Não me amas



O orvalho cai sobre a minha solidão, e desperta-me de
sonos que não durmo.
A terra fria, sobre a qual o meu corpo repousa o segura
quando menciono levantar-me.  
A poeira que envolveu o meu corpo, quando este
buscou repouso, abraça-o e o convence a deixar-se ser 
tragado para um infinito onde corpos, vivos, mas  
desprovidos de vida, repousam.

O orvalho molha o silêncio da madrugada e esfria o
meu corpo.
O meu corpo busca um sono, que insiste em não ser 
sono, e o sol nasce o desperta para o que será mais 
um dia de pesadelo. 
Doe! 
Doe muito, quando o orvalho cai sobre a minha 
solidão e esta se agarra em meu eu. 
Doído, todo o meu eu chora. 
Chora! 
Chora o mais tristes dos lamentos, e eu  choro.

A última gota de orvalho reluz, como se fora uma 
gotícula de diamante, sobre as pétalas das flores que 
guardo em meu coração, para te entregar se algum 
dia vieres me visitar. 
Penso enfeitar os teus cabelos negros, com o brilho 
da lua que se faz refletir em meus olhos.
Não viestes me ver, e o orvalho caiu, secou, morreu. 
Então, o orvalho que eu guardei caiu sobre a minha 
solidão e a despertou para a triste realidade. 
Não me amas!
Não sabes o meu nome, não me chama e nem me 
ouve eu te chamar.

                       Lido da Silva - Brasília, setembro de 2012


                                   *

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