Cais!
Cais e, em teu tombo, pronuncias nomes que
esqueces tão pronto te pões de pé.
De pé, encostado à parede do vento
que
sopra as tuas feridas, pronuncias palavras
que ferem a sanidade.
É
a idade da morte que se aproxima de ti e,
te tira para dançar, e danças.
Danças até cair, e não mais te levantar.
Cais!
Como a chuva silenciosa da
madrugada, cais.
Cais e adormeces estendido no chão até
que
o este absorva o teu corpo.
Cais!
Cais pesada como as tempestades que destrói
os devaneios e enterram os sonhos.
Cais como as tristezas que fazem os olhos
derramarem lágrimas que não tem para
chorar, e assustam os sorrisos dos lábios.
Cais como as promessas
que se perderam
no tempo sem se fazerem cumprir.
Cais!
Cais e em teu tombo, abraça-te a
saudade que
sofre de solidão enquanto te acena
um adeus.
Cais como o orvalho do final da
primavera
que furta o perfume das flores que deveria
perfumar.
Cais!
Cais e em teu tombo arrasta consigo a
felicidade que,
displicente, passeava ao teu
redor.
Cais!
Cais e
chora, silenciosamente, com vergonha
de eu ouvir
o teu pranto chamar o meu nome.
Cais no
silêncio que te consome até não
poderes mais aguentar-te de pé, e cais.
Habacuc - Brasília, setembro de 2012
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