segunda-feira, 29 de abril de 2013

A ira do silêncio



Se em sua ira, o silêncio não me tratasse com
tanto descaso,  eu jamais protestaria contra a
sua presença em meu dia a dia.
Não!
Eu não me angustiaria ao ouvir, no meio da 
noite, os gemidos da saudade suplicando-me
para gritar o teu nome.
Se em sua frigidez o silêncio não maltratasse
tanto o meu coração, eu sufocaria cada grito
que escapa do meu peito, e evitaria estes de
acordarem os gritos adormecidos na garganta
da noite.
Se a tristeza do silêncio não findasse
em meu coração, eu não protestaria tanto 
contra o que penso ser a solidão.
Se o silêncio não adormecesse em meus 
lábios, se o calar não fizesse seca à minha 
boca, eu não protestaria, eu jamais me 
oporia à escuridão da noite onde mora o 
silêncio.
Se as noites silenciosas não fossem tão 
longas e frias, se o inverno sem a tua 
presença não fosse tão parecido com tudo 
que o silêncio é, e se os meus lábios não
insistissem em chamar o teu nome eu não
protestaria contra a vida, que me encosta 
na parede sempre que penso em chorar as
minhas tristezas.
Se o silêncio não fosse o meu único 
conforto, quando a angústia toma o meu
coração, eu não teria tanto medo dos 
gritos que gritam em meio ao meu silêncio 
e gritaria com eles.
Se em sua ira o silêncio não gritasse 
comigo, se ele me deixasse em paz eu 
jamais pronunciaria o teu nome.

             Lido da Silva - Brasilia, setembro de 2012.

                                  *

2 comentários:

  1. irá na 3º última linha não leva acento... íra!

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  2. Muito obrigado por tua valiosa contribuição.Como eu mesmo faço as revisões dos meus textos, por mais cuidado que eu tenha, sempre me escapa alguns erros. Mauro

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