O meu retrato!
O meu eu do jeito que
sou, previsível até que o
previsível se torne tão evidente
que me obriga a crer
ser eu este que vejo quando diante do espelho.
Sou o sol que
brilha nos dias de chuva, sou a chuva
que chora as tristezas da
vida, e sou a brisa que beija
os beijos dos apaixonados.
O meu retrato, um sorriso que sorri sem graça achando
graça dos infortúnios da vida.
Que
vida?
O que será a vida?
Terá alguém vivido o bastante
para ter aprendido, de
fato, o que é a vida?
Não creio!
O meu retrato sorri da ignorância daqueles que
acreditam entender a vida, sem se dar conta de que a
mão fria da morte os esta tirando para dançar.
Quando o meu
retrato, mundo, canta a sua canção, ele
o faz até que a luz que não brilhava, brilhe e dê
sentido a vida.
A vida!
O que será a vida, caso ela de fato exista?
Há pouco me referi a vida que vivo como se esta fosse
algo que me pertencesse, e então ela de imediato
zombou da minha prepotência.
Não tenho vida, a vida
alojou-se em meu coração sem
nunca tornar-se parte
de qualquer evento que eu possa
considerar que me pertença.
O meu retrato sorri da minha ilusão
de ser o "dono" da
que considero a minha vida.
Que vida?
O que é a vida
se não uma sequência de fatos?
O meu retrato,
sarcástico, guarda-se ao perceber o
vento sopra uma nuvem sobre o meu sol, e me vestir
de frio.
O meu retrato, o meu eu, o jeito que sou, a vida que
vivo.
A
vida e suas imprevisibilidades que me desconcertam
sempre que me deixo acreditar que tenho uma vida
para viver.
Tudo acaba assim; um adeus, as lágrimas, e o sorriso
sem graça da tristeza estampado nos
lábios a se
despedirem da pessoa que aparece em meu retrato.
Retrato!
A foto do meu retrato, eu.
Acredito que sou apenas o
fruto de um beijo, o último
beijo antes das cinzas.
O Observador - Chuy, abril de 2013
*

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