O meu retrato, o meu eu do jeito que
sou, previsível
Até que o previsível se torne tão evidente
que penso
Este ser eu. Sou a luz que
brilha nos dias de sol,
A chuva que chora as tristezas da
vida e a brisa que
Beija os beijos dos apaixonados.
O meu retrato, um sorriso sem graça achando
graça
Dos infortúnios da vida e a vida. Que
vida? O que
Será a vida? Terá alguém vivido o bastante
para ter
Aprendido o que é a vida? O meu
retrato sorri no
Escuro, da ignorância daqueles que
pensam entender
A vida, enquanto a escuridão da morte
enche a vida
De dúvidas e, na dúvida, a vida me
abandona e então
Fica evidente que nunca tive vida,
que não passo de
Um fruto do amor.
O meu retrato, o meu eu do jeito que
sou, previsível
Até que o previsível se torna tão
evidente que deixa
De parecer-se comigo. Quando o meu
retrato, mundo,
Canta a sua canção e faz-se ouvir-se,
a luz que até
Então não brilhava brilha e da
sentido a vida. A vida!
O que será a vida, caso ela de fato exista? Ha pouco
Me referi a vida como se esta fosse algo
meu, e ela
Zombou de mim. Não tenho vida, a vida
alojou-se
Em meu coração sem nunca tornar-se parte
da
Minha pessoa, ela parte abandonar-me
na hora que
Lhe convém e então o meu retrato, cínico, com
Muito cinismo sorri e me faz perceber
que sou
Apenas o fruto da paixão.
O meu retrato sorri da minha ilusão
de ser o dono da
Minha vida. Que vida? O que é a vida
se não uma
Seqüência de fatos? O meu retrato,
sarcástico,
Guarda-se mudo enquanto o vento sopra
a nuvem
Sobre o meu sol e me cobre com o frio.
O meu retrato,
O meu eu, o jeito que sou e a vida. A
vida e suas
Imprevisibilidades que me desconcertam sempre que
Me deixo envolver por seus braços quando
estes me
Abraçam como se fossem os braços da minha
mãe.
Tudo acaba assim; um adeus, uma lágrima
e o sorriso
Sem graça da tristeza estampado nos
lábios cerrados
Que aparece em meu retrato. Retrato!
A foto do meu
Retrato, eu. Entendo que sou apenas o
fruto de um
Beijo, o último beijo antes da cinza.
Abril, 20
de 2013
*
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