Olhar que ao dissolver-se no firmamento deixa
um lamento abraçado a pensamentos.
O abraço nos abandonados, ignorados, sozinhos
na imensidão do mar.
Assistir o farol em seu eterno pastorear, induz
o vivente viajar em sua imaginação.
Agasalhado pelo frio das madrugadas do Chuí,
o farol cantarola, mudo, as canções que aprende
ouvindo o vento.
Um sopro frio na
face, uma carícia, um beijo
como um conforto para sua solidão.
O silêncio da madrugada o abraça, o orvalho o
perfuma e , como um bom pastor o velho farol
solitário segue pastorando o mar, pastoreia o mar.
O farol dos extremos (Chuí-Chuy), como um
bom pastor pastoreia o mar.
Seu olhar brilha no meio da noite ansiando por
ser descoberto pelos passantes que nunca passa
em seus momentos de solidão.
Abraçado pela noite , agasalhado pelo silêncio
da escuridão, o velho farol pastoreia as estrelas
que, lá do alto, lhe sorriem.
Coisa de amante, de um guardião que vive a
solidão.
Sou o farol!
Sou a luz perdida no horizonte, sou o solitário
das madrugadas.
Sou o farol!
Sou a canção que canta o cantar dos ventos,
sou o corpo gélido agasalhado pelo frio que
viajam pelos mares no inverno.
Sou o farol, sou o primeiro e o ultimo sinal de
terra que os viventes vêm, sou o sorriso e a
certeza de porto seguro para aqueles que
vivem nos mares.
Sou o farol!
Vencido pelo tempo, entreguei-me à solidão
e, quando açoitado pelas tempestades canto
canções de ninar.
Apaixonado observo o bailar das águas
desejoso de me atirar em seus braços.
Como bom pastor pastoreio mar como um
pastor vigilante pastoreia as suas ovelhas.
Firme, suporto, as intempéries do tempo sem
vacilar em meu pastorear.
O farol, pastoreia o
mar.
O Observador - Brasília, dezembro 2013.
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