quarta-feira, 26 de novembro de 2025

O teu corpo!



O teu corpo a tua regra, neste momento
o céu estremece, entristece, chora. 
O céu estremece porque é sabido que o 
corpo que ora ocupas não o teu corpo. 
Tu não tem corpo!
O corpo que usas apenas lhe foi cedido
para que viesses para esta vida. 

Ouça-me!
Por acaso não sabes que a tua vida vai
muito além que o "teu corpo"?
Eu te digo!
A vida espiritual é um mistério que não
nos é dado a desvendar, daí  ser preciso
cuidar. 

Sendo espirito ainda experimentarás 
muitas vidas antes do dia do teu 
julgamento final.
Enquanto isto, para cada fase da tua 
evolução espiritual, receberás um corpo
do qual deves muito bem cuidar.
Ore muito, faça orações. 

Se por ventura recebes a missão de
guardar em teu ventre uma outra vida,
guarde-a com todo o zelo.  
Independente da circunstância que esta
vida te foi entregue, não se trata apenas
de mais um corpo, mas sim de um 
espírito. 

Se confusa ore, se depressiva renove a
sua oração e luzes iluminarão o teu 
espírito dando -lhe entendimento e lhe 
trazendo paz.
Guarda, tempestades e tormentas são
parte da nossa jornada enquanto espíritos
em evolução.

Entenda, o teu corpo não é o "teu corpo",
ele não te pertence, e por tudo isto, 
deves cuidar dele de forma a tê-lo bem 
preservado para quando da sua 
devolução ao Criador.
Faz-se necessário que tenhamos 
reverência ao nosso bondoso Deus.

   O Profeta - Chuy, novembro de 2025.

                @ 




terça-feira, 25 de novembro de 2025

O bairro onde cresci.

 

No bairro onde vivi a minha juventude,

um lugar humilde, igual a quadra-2, do 

Setor norte do Gama.

Sim! O Gama! Cidade satélite do DF,

o meu bairro era mais conhecido por

SHIS nova.


No meu bairro havia de tudo, lá tinha

inclusive felicidade, e eu fui muito

feliz vivendo lá.

Naquele tempo todos eram convidados

para as festinhas de fim de semana, era

só chegar e participar.


Na rua em que eu morava, todos sabiam

quando eu estava subindo ou descendo

a rua, pois ninguém arrastava os

chinelos como eu arrastava enquanto

caminhava.

Agora bateu uma saudade bruta.


Foi lá na shis nova que vivi as minhas 

primeiras, e maiores paixões.

Eu vivi a Quinha, a preta, a vera, a

Dunalva, vivi inclusive a Marli.

Eu as vivia, mas nenhuma delas nunca

soube que eram vividas por mim. 


Lá na shis nova, para o grupo que eu

frequentava, as peladas no campinho

de terra eram sagradas.

Os craques do pedaço eram o Raul, o

Catatau, o Ródão, o Beto, o Samir e

o Tadeu, que chegou bem depois.

Jogadores muito disputados.


Eu, com o meu jeitão desengonçado,

fazia parte do grupo dos pernas de

pau, junto com o Robson, com o

Chiquinho, o Guinha, o Jamil, e mais

uma meia dúzia de moleques que só

eram escolhidos por algum time

quando não tinha mais ningue para

ser escolhido. 


O tempo passou e levou cada um de

nós para lugares diferentes, e tudo se

perdeu, acabou.

Há muito não vou na shis norte, e

muitos mais tempo não encontro os

meu colegas, e nem os amigos de

outrora.

Até as velhas paixões recolhidas o

tempo apagou.


O Mensageiro - Chuy, novembro de 2015.

 

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sábado, 22 de novembro de 2025

O Cravo

 

Podaram o cravo, arrancaram-lhe suas

flores, arrancaram-lhe a raiz.

Os sorrisos que até ontem sorriam

hoje guardam luto. 

Podaram o cravo, e o inverno

definitivamente começou.


Com o evento do inverno, alma 

alguma se atreve a prever o quão

longo e gélido ele será.

O inverno mal começou e o seu frio

intenso já obriga os viventes a

ficarem reclusos.


De agora até o fim deste inverno os

dias serão cinzentos e tristes. 

O cravo sangra e geme, e os seus 

gemidos enchem os jardins.

Lamenta hortências!

Lamentam os jardineiros. 


O cravo chora, ele chorar e faz chorar

junto com ele olhos que até há pouco,

radiantes, sorriam.

Agora os olhos choram tanto que nem

se dão conta da presença das flores.

Chora rosa!


A esperança é um gosto que não se 

desgosta na presença de mal algum.

Podaram o cravo e ele chora e faz 

chorar olhos que até então sorriam.

Podaram o cravo, que chorem as 

flores, que chorem os jardins.


            O Observador - Chuy, novembro de 2025.


                     

                              #


quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Tempo de tempestades - Stormy Season

 

Ouço trovões, vejo relâmpagos,
vislumbro tempestade no
horizonte.
Então que chova, pois já
sobrevivi a muitas tempestades.

O céu está nublado e as nuvens
muito carregadas.
A situação me recomenda a não
sair às ruas, mas ficar em casa
não resolverá a minha situação.

Diante do medo, abraço a minha
fé, dobro os meus joelhos e faço
uma oração.
O momento não recomenda sair
às ruas sem proteção.

Tudo em minha volta lembra a
tristeza, as lágrimas estão
cansadas de tanto chorar, então
faço outra preces, oro por
aqueles que não sabem orar.

A fúria da tempestade já desabou
sobre muitos tetos onde, agora,
suas vítimas choram.
Eu choro as vidas ceifadas, e a
tristeza que em seu lugar ficou.

O Mensageiro - Chuy, novembro de 2025e

                     @


Stormy Season


I hear thunder, I see lightning,
I glimpse a storm on the horizon.
So let it rain, I have survived many
storms.

The sky is cloudy and the clouds
are very heavy.
The situation advises me not to go
out, but to stay home will not solve
my situation.
 
Faced with the fear, I embrace my
faith, I bend my knees and say a 
prayer.
The moment does not recommend 
to go out without a protection.
 
Everything around me reminds me
of the sadness, the tears are tired 
of to cry, so I say another prayer, 
I pray for those who do not know 
how to pray.

The fury of the storm has already 
fallen on many roofs where, now, 
its victims weep.
I weep for the lives taken, and the
sadness left in their place.

                      @

domingo, 16 de novembro de 2025

O dia se vestiu de cinza.

 

Hoje amanheceu chovendo, e

sempre que me depara com 

manhãs cinzentas como a de

hoje, volto ao triste dia da nossa

despedida.


Por falar em despedidas, onde 

estás, como tens passado?

Ainda hoje, aqui, embaixo da 

casca que esconde a ferida da

nossa despedida, dói. 


Ainda hoje me dói a mesma dor

que senti quando do nosso adeus.

A tristeza daquela manhã 

chuvosa nunca me abandonou,

nunca deixou de doer em mim.


Hoje amanheceu chovendo, e 

sempre que me deparo com 

manhãs como a de hoje, sou 

tomado pela tristeza da nossa 

despedida. 


Hoje o céu se vestiu de cinza e

sombreou o meu dia, calou a 

minha alegria e me fez sentir 

saudades de ti.

O dia amanheceu triste.


O Observador - Chuy, novembro de 2025.


                  &


domingo, 9 de novembro de 2025

Cúmplice


Não espero e nem me desespero, as
coisas se darão como hão de se dar.
Os teus beijos, há muito deixaram
de me beijar, e o teu corpo nunca 
teve o desejo de me amar, então só
restou o frio a me agasalhar. 

Assisto tudo mudo, e mudo evito
comentar.
A verdade, enrubescida, me lança
um olhar cúmplice que pergunta
se vou deixar tudo como está, é
vou deixar ficar como está.

Não torço nem distorço, sei que o
tempo vai chegar e a despedida,
ainda que cansada, chegará.
O tempo que trás as coisas é o
mesmo tempo que muda as coisas
de lugar.

Já me esqueci do sabor dos teus
beijos, e tampouco me lembro do
calor do teu corpo.
Que desgosto, fostes de mim antes
de ter ficado comigo, e estando
ainda ao meu lado.

Te sinto tão distante que me é
difícil acreditar se algum dia, de
fato, estivestes do meu lado.
Os teus beijos me abandonaram
antes de me beijar e o teu corpo 
esfriou antes de me aquecer.

O Observador - Chuy, novembro de 2025. 


                @ 


quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Eu chorei muito - I cried a lot.

 

Eu chorei!

Eu chorei muito quando ao nascer, me

deparei com a mais cruel das 

realidades.

O mundo que me esperava não me 

amava, não me queria.


Meu Deus! 

Nasci negro em uma sociedade racista, 

e como se esta triste realidade não

bastasse, descobri haver nascido

pobre em um mundo de ricos.

É, eu chorei.


Ao ouvir o meu choro de desespero

a pobreza, impaciente, calou o meu

choro tapando a minha boca.

Enquanto isto, do outro lado do

quarto, a pobreza fazia caretas

horríveis para me aterrorizar.


As hora pareciam ter asas, e os dias

parecia não querer me dar tempo

para eu viver a minha infância.

Sem nenhum constrangimento o

tempo me mostrou o quão ele seria  

inclemente para comigo.


Quando eu mal comecei a viver a

minha vida a pobreza, com chicotes

às mãos, me forçou a trabalhar.

Ela sempre cuidou para que me 

faltasse de tudo, inclusive amor.

Eu chorei. 


Eu chorei muito ao entender que o 

mundo em que eu vivia não era o

mundo que existia para me amar. 

O mundo me espancou muito até

eu aprender a caminhá-lo.

Eu chorei!


O Observador - Chuy, novembro de 2025.


                  %


I cried a lot.


I cried!

I cried a lot when, at my birth, I
realized the cruelest of the
realities.
The world that awaited me did not
love me, did not want me.

God!
I was born black in a racist society,
and as if this sad reality were not
enough, I discovered I had been born
poor in a world of rich people.
Yes, I cried.

Hearing my cry of despair, the
poverty, impatient, silenced my
crying by covering my mouth.
Meanwhile, on the other side of the
room, the poverty made horrible faces
to terrify me.

The hours seemed to have wings, and the days
seemed not to want to give me time
to live my childhood.
Without any embarrassment, the
time showed me how
merciless it would be towards me.

When I had barely begun to live my
life, poverty, with whips in her hands,
forced me to work.
It always made sure that I lacked
everything, including love.
I cried.

I cried a lot when I understood that the
world where I lived in was not the
world that existed to love me.
The world beat me a lot until
I learned how to navigate it.
I cried!

%

Devotos da perversidade.

  Me recuso a acreditar que mentes sanas deem a luz a pensamentos insanos. Não! Definitivamente não creio que aconteça  de um coração justo ...