Pele.
A sola dos meus pés grossa,
Mais dura que as imposições da
Vida, não cria feridas mas me
Atrapalha a caminhar.
Mais dura que as imposições da
Vida, não cria feridas mas me
Atrapalha a caminhar.
O sorriso azedo, rindo de uma tristeza
Que recusa-se a ser sua, vaga pelas
Ruas abandonado, entregue ao choro
Que chora sem cessar.
O vento sopra-me, resseca-me a pele
Até que esta, sem ter para onde
Esticar-se, rasga-se, quebra-se como
Folhas secas.
Que chora sem cessar.
O vento sopra-me, resseca-me a pele
Até que esta, sem ter para onde
Esticar-se, rasga-se, quebra-se como
Folhas secas.
Partida como trapo velho, a minha pele
Cai sobre os meus olhos e os impede
De verem o que recusam-se a ver.
O sol me açoita, me bate, empurra-me
O sol me açoita, me bate, empurra-me
Para a sombra e esta me rejeita.
Sem abrigo, me abrigo em braços que
Nunca me abraçaram e deixo-me ser
Beijado por lábios impiedosos que
Nunca amaram.
O frio morde a minha pele enrugada,
O frio morde a minha pele enrugada,
Ressecada pelo vento, torrada pelo sol.
Ele morde e seus dentes batem em
Meus ossos que soam como os sinos e
O rejeita, fica assim.
A dor dói mas não me incomoda.
Ela Já me doeu tantas vezes que já não
A dor dói mas não me incomoda.
Ela Já me doeu tantas vezes que já não
Me assusta mais.
Agora ela tem medo de o seu medo
Não assustar o meu medo e cala-se,
Fica tão quieta que não a percebo
Doendo em mim.
*
Fica tão quieta que não a percebo
Doendo em mim.
Setembro
02, 2013.
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