quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Bebendo



Não bebo pelo simples prazer de beber,
bebo a saudade.
Bebo a saudade quando esta me aperta,
bebo o sorriso, quando este quer me 
abandonar, e bebo o soluço quando 
sinto vontade de chorar. 

Não bebo pela necessidade de 
satisfazer um vício.
Bebo buscando compreender as 
explicações que nada explicam.
Bebo. 
Bebo as evasivas que não
me convencem.

Bebo!
Bêbado assimilo com mais 
facilidade as falsidades que percebo
nos olhos daqueles que dizem m
amar. 
Bebo o amor. 
A! O amor que há muito mdeixou
mas que ainda hoje me tortura! 

Bebo a paixão! 
Bebo a paixão, fogo que 
transformou em cinzas a porta do 
meu coração e, a seguir, me
abandonou. 
Bebo!
 
Bebo, e de gole em gole, engulo o que
sou, me aceito.
Bêbado me compreendo e desfaço 
mal entendido que nunca me permitiu
me aceitar bêbado, e então bebo.

Não bebo pelo simples prazer de ficar
bêbado. 
Bebo e bêbado compreendo melhor as
estórias que o silêncio da noite 
costuma me contar. 

Bebo para não ter que beber, estando 
sóbrio, as lágrimas que caem dos 
meus olhos quando sob a tortura da 
saudade. 
Bebo para não perceber tristeza que
invade o meu coração na solidão da 
madrugada.

  Lido da Silva - Brasília, novembro de 2012

                   *

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