terça-feira, 27 de março de 2012

A ira



Uma fala inoportuna,
um pensamento desfeito,
a decepção.
A mão estendida aguarda por algo que
não vem, o sorriso ri sem graça e, sem 
graça, se desfaz.
O sorriso sai, sai sem jeito, vai para 
não mais voltar. 
O olhar frio fita a situação, e o faz 
sem compaixão.

Uma troca de olhar,
a ira estampada no rosto, o desgosto.
A vontade de brigar grita, mas o 
bom senso a faz calar.
Cala!
Sai!
Vá! 
Dê uma volta e, não tarda já terá  
esquecido o ocorrido, passou.

Choque de palavras, estranheza no 
modo de expressar, conclusão 
errada e está aí a confusão.
Um conflito, um grito, o suor 
escorre na face, que desgosto.
O ódio quase vence o amor, mas 
este reage.

Uma palavra extemporânea, mal
colocada, uma troca de olhar, a ira.
O gosto amargo na boca, 
sacrifício, engole a decepção. 
A ofensa corre e grita:
- Vou arrebentar!
O grito mudo que perguntaria, 
"- Arrebentar quem?" se cala.
Cala tudo que havia no ar.

   O Observador - Brasília, março de 2012

                 *


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