A vida me bateu, me atirou ao chão, pisoteou tudo o
que
pensou ser eu.
A vida quis me derrotar, mas como uma vara verde
A vida quis me derrotar, mas como uma vara verde
açoitada pela fúria de uma tempestade, dobrei,
verguei-me até o chão, engoli poeira, lágrimas, suportei
as dores que a vida me impôs e não quebrei.
Vergado, estendido no chão, vi a vida pisotear-me sem
Vergado, estendido no chão, vi a vida pisotear-me sem
piedade, ouvi a vida urrando em meus ouvidos como o
vento urra nos telhados nas noites de inverno, mas
suportei, superei os destemperos da vida, sobrevivi.
No abandono da infância, a vida ofereceu-me todas
opções de descaminhos e perdição.
A vida me apresentou os vícios, me deu os endereços da
contramão, mentiu, me mostrou o caminho mais fácil,
o que leva a perdição e disse-me:
- O mais rápido é a solução, disse-me também que
trabalhando honestamente eu jamais
juntaria o meu
primeiro milhão.
Eu não aceitei a proposta de vida, que a vida me
Eu não aceitei a proposta de vida, que a vida me
oferecia.
A vida que eu queria não interessava à vida, e então a
A vida que eu queria não interessava à vida, e então a
vida me bateu.
A vida me bateu muito, ela me maltratou, me forçou a
A vida me bateu muito, ela me maltratou, me forçou a
dormir ao relento e de fome ela quase me matou.
A vida roubou-me a alegria, e no frio do desprezo me
jogou.
Chorei, verti lágrimas amargas de tristezas, verguei
Chorei, verti lágrimas amargas de tristezas, verguei
sob o peso das mãos da vida até lamber o chão.
Engoli poeira, bebi as minhas lágrimas e sobrevivi.
A vida é perversa, a vida não da nada de graça e nem faz
graças.
A vida é tão falsa quanto a mulher adultera, e tão ruim
quanto a madrasta
desnaturada, a vida é inimiga de
primeira hora.
A vida oferece todos os tipos de pecados ciente de que
A vida oferece todos os tipos de pecados ciente de que
amanhã, a sua vida ela virá cobrar.
A vida, como os agiotas, cobra tudo, e cobra sem
escrúpulo, sem piedade.
A vida bate, a vida bate até lhe restituirmos o que ela
A vida bate, a vida bate até lhe restituirmos o que ela
não nos deu, a vida bate em quem recusa as suas
ofertas, e bate muito mais
em quem aceita o que ela
oferece.
A
vida me bateu, a vida despejou toda a sua ira sobre o
meu corpo e, pisoteado pela vida comi poeira, bebi as
minhas lágrimas
para não morrer de sede, mas resisti as
sua ofertas e a venci.
Mauro Lucio - Brasília, março de 2012.
*

Nenhum comentário:
Postar um comentário