quarta-feira, 7 de março de 2012

Venci a vida


A vida me bateu,  me atirou ao chão, pisoteou tudo o que
pensou ser eu.
A vida quis me derrotar, mas como uma vara verde 
açoitada pela fúria de uma tempestade, dobrei, 
verguei-me até o chão, engoli poeira, lágrimas, suportei 
as dores que a vida me impôs e não quebrei.
Vergado, estendido no chão, vi a vida pisotear-me sem
piedade, ouvi a vida urrando em meus ouvidos como o 
vento urra nos telhados nas noites de inverno, mas 
suportei, superei os destemperos da vida, sobrevivi.

No abandono da infância, a vida ofereceu-me todas 
opções de descaminhos e perdição.
A vida me apresentou os vícios, me deu os endereços da
contramão, mentiu, me mostrou o caminho mais fácil, 
o que leva a perdição e disse-me:
 - O mais rápido é a solução, disse-me também que
trabalhando honestamente eu jamais juntaria o meu 
primeiro milhão.
Eu não aceitei a proposta de vida, que a vida me 
oferecia.
A vida que eu queria não interessava à vida, e então a 
vida me bateu.
A vida me bateu muito, ela me maltratou, me forçou a
dormir ao relento e de fome ela quase me matou. 
A vida roubou-me a alegria, e no frio do desprezo me
jogou.
Chorei, verti lágrimas amargas de tristezas, verguei 
sob o peso das mãos da vida até lamber o chão.
Engoli poeira, bebi as minhas lágrimas e sobrevivi.

A vida é perversa, a vida não da nada de graça e nem faz
graças.
A vida é tão falsa quanto a mulher adultera, e tão ruim 
quanto a madrasta desnaturada, a vida é inimiga de 
primeira hora.
A vida oferece todos os tipos de pecados ciente de que 
amanhã, a sua vida ela virá cobrar.
A vida, como os agiotas, cobra tudo, e cobra sem 
escrúpulo, sem piedade.
A vida bate, a vida bate até lhe restituirmos o que ela
não nos deu, a vida bate em quem recusa as suas 
ofertas, e bate muito mais em quem aceita o que ela 
oferece.
A vida me bateu, a vida despejou toda a sua ira sobre o
meu corpo e, pisoteado pela vida comi poeira, bebi as 
minhas lágrimas para não morrer de sede, mas resisti as
sua ofertas e a venci.

     Mauro Lucio - Brasília, março de 2012.

                        *

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