Sou constantemente constrangido pela gramática da
língua portuguesa, por desconhece-la.
Escrever nesse idioma, é uma temeridade, é uma
verdadeira casca de banana.
Sinceramente falando, nem me atrevo a discutir
as minhas limitações quando o tema é "gramática
da língua portuguesa".
Partindo do principio de que; quando nasci, não fui
consultado sobre que idioma eu gostaria de usar no
decorrer da minha vida, me sinto totalmente
desobrigado de ter que dominar, com segurança, a
gramática da língua portuguesa.
Sei lá!
Mas entendo que, como cidadão afro-brasileiro,
posso reivindicar o direito de só falar o idioma
brasileiro.
Vejamos!
Vejamos se, sendo você um conhecedor a
gramática da língua portuguesa, consegue analisar
com precisão as seguintes palavras; chá, xá, sede,
sede, cede, trás, traz, sexta, cesta.
E então?
Fácil?
Quem disse que a língua portuguesa é fácil?
Por que cobrar dos nossos pobres graduados o
domínio sobre esta loucura que é o idioma
português?
Falemos o "brasileiro" que é a nossa língua e,
com toda certeza, mais racional que a língua dos
patrícios que, evidentemente, não é a língua
brasileira.
Há poucos dias fui constrangido, publicamente,
ao ser forçado, pela gramática da língua
portuguesa, a concordar com uma pessoa que eu
não conhecia, com um tempo que não vivi e
com um número que eu desconhecia.
Como se não bastasse os problemas já citados,
ainda fui empurrado por um verbo que me
obrigou a concordar com um sujeito que eu
sequer conhecia.
Isto foi constrangedor.
Num passado já distante, me deparei com um
tal de “empederni”.
Quando lhe perguntei o que ele era na vida, ele
me respondeu que era um verbo.
Por um acaso você já ouviu falar deste verbo?
Por um acaso você sabe o que significa
"empederni"?
Pois é, isto é coisa da gramática da língua
portuguesa.
Em um dos primeiro concursos público que
participei, fui reprovado, entre outras coisas, por
desconhecer este tal de "emperderni".
Claro que depois do estrago corri atrás e dei um
jeito de conhecer melhor a figura.
Odeio a imposição da língua portuguesa para nós,
os brasileiros.
Nós temos a nossa língua, o "brasileiro", e ela é
mais bonita, flexível e rica que a sua mãe
portuguesa.
Lido da Silva - Brasília, junho de 2012.
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