quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Uma gota



Uma gota perdida! 
Uma história, uma vida dada. 
Gesto havido, decidido jogado a sua 
própria sorte que, para a sua falta de
sorte, não houve um desfecho que 
possa ser dado como o seu último 
suspiro.

Uma gota desprendida!
Num piscar de olhos tudo acontece.
Chove, molha a solidão que faz frio
em sua vida e esta adoece.
Nostálgica, tomada pela saudade que
veio sabe-se lá Deus de onde,
então chora.

Era só uma gota, e secou! 
Como uma lágrima perdida ela caiu
sobre o solo sedento e sumiu.
Escondeu-se nas entranhas da terra 
e de lá nunca mais voltou, não disse
adeus.
Foi sepultada num abraço fatal.

Uma gota!
É uma vida dada, havida, decidida, 
jogada a própria sorte que, para 
sua falta de sorte não a quis, não
permitiu que ela fosse engolida pela
terra que não rejeita um só corpo, e
a tomou com um belo sorriso de 
adeus.

Foi uma gota! 
Uma lágrima em um enterro que não
aconteceu. 
Um desterro, a soberba do muito 
triste finge ser feliz.
Um caso que o tempo ainda não 
teve tempo para apreciar, e quando
o contar o fará como se fora algo 
que agrada o seu paladar.


O Observador - Brasília, janeiro de 2013.


                          *
 



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