O nada - The nothing

O nada não deveria ser como o vazio que me visita

na angústia da solidão. 

O nada poderia ser diferente de tudo o que sinto 

quando estou sozinho, quando estou triste.

O nada não deveria me aborrecer nos momentos

que já estou aborrecido, que preciso de paz.

O nada deveria ser como o abstrato das coisas que, 

apesar de reais, não as sinto tal como sinto a sua 

presença no meu dia a dia. 

O nada poderia ser algo menos palpável, para que

eu não sentisse tanto a sua presença. 

O nada deveria ser algo inexistente para que não 

existisse em mim.

O nada deveria ser algo esquecido no tempo, 

perdido, deveria ser coisa desconhecida, 

experimentada por ninguém. 

O nada poderia ser algo bebível, comível para ser 

consumido, sumido, despejado como todos os 

comestíveis e depois esquecido.

O nada poderia ser um sentimento que não

incomodasse, um sentimento perdido, longe de

todos e perto de ninguém.

        Mauro Lucio -  Brasília, outubro de 2011.

                             *

The nothing


The nothing should not be like the emptiness that visits me
In the anguish of loneliness. The nothing could be different

From all that I feel when I'm alone, when I am sad.

The nothing should not annoy me at times when I am

Already upset, when I need peace.

The nothing should be like the abstract of the things that,

Despite real, I do not feel it as I feel your presence in my
Daily life. The nothing could be something less tangible, so

That I would not feel it as fill you presence. The nothing

Should be something none that it would not exist in me.

The nothing should be something forgotten in time,

Something lost; it should be unknown thing, experienced

By no one. The nothing could be something drinkable,

Eatable for to be consumed, gone, poured out like all the

Food that we eat and then forgotten. The nothing could be

A feeling that does not bother any one, a lost feeling, far

From everybody and around anyone.

                              *