Um tanto quanto ressabiado, em relação às
manias da paixão, o meu sorriso
desvencilha-se das suas desilusões e se
agasalha em sua falsa paz.
Descabreado, o meu sorriso pede licença
aos destroços que as decepções amorosas
lhes trouxeram e, soluçando, lambe suas
feridas enquanto conforta a si mesmo.
Esquecido pela alegria, o meu sorriso vai
onde o sol repousa com a expectativa de
encontrar o calor que, talvez, lhe devolva
a vida.
Abraçado ao que lhe restou de alegria, o
meu sorriso ouve, sem sorrir, as músicas
que ouvia enquanto ainda sentia prazer
em sorrir.
Desenganado de tudo que o amor, um dia
lhe dissera ser, o meu sorriso volta ao
passado, onde abandonara às suas
frustrações.
Quando, frente a frente com a tristeza,
sem graça, o meu sorriso se desculpa junto
aos sorrisos com os quais, um dia, se
negara a sorrir.
O Mensageiro - Brasília, outubro de 2012.
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