sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O tempo



O tempo, em sua loucura, esqueceu o pó que
ele deitou às margens do velho riacho. 
Ele não se deu conta de que, o que ele 
esqueceu é o que penso ser eu, e um muito
do que creio ser a vida. 

O tempo deixou o esquecido no 
esquecimento e, vagando como um vadio,
ocasionou que a razão vivenciasse os medos
que me amedrontam quando estou na 
companhia da minha companheira, a solidão.  
 
O tempo se esqueceu das coisas que outrora
ensinava e, hoje, inseguro, consulta tudo a 
todos, como se fora um desorientado em 
meio ao escuro da noite.
O tempo está experimentando, agora, o 
mesmo trago que, no passado, serviu àqueles 
por ele esquecido. 

Vivendo o abandono, o tempo, em depressão,
derrama a sua tristeza a sobre aqueles que o 
esquece.  
Coisas da vida!
Abandonamos hoje, somos abandonados 
amanhã. 
 
O tempo se esqueceu do pó que deitou
às margens do riacho. 
O tempo se esqueceu, inclusive, que 
o pó esquecido, por ele, sou eu.

     O Mensageiro - Brasilia, outubro de 2012.

                  *


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