quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Rezo o terço



Abraçado ao silêncio, tomo os meus pensamentos
por um terço e o oro. 
Oro pelas certezas que se tornam dúvidas com o 
passar do tempo e rezo as lágrimas que derramo 
no altar onde a minha consciência me condena.

Abraçado à minha alegria que, há muito, perdeu a 
sua juventude, sinto-me apoiado em algo que está
preste a deixar-me cair no chão.
Hum!
Derrubado, caio de joelhos sobre pedras que 
atirei em muitos viventes e estas rasgam a minha
carne fazendo-a sangrar. 

Abraçado aos amores que desprezei, tomo o 
desprezo por terço e o oro. 
Rezo todas as orações que a solidão me ensina e, 
suplico perdão por todas as promessas vazias 
que prometi, temendo que essas se transformem
em pecados mortais.

Oro!
Abraçado ao abandono que hoje vivo, tomo a 
saudade por terço, e rezo. 
Oro por todos os amores que deixei morrer sob 
o frio da minha indiferença.
Rezo!
Oro pelas lágrima que causei em pessoas que só
queriam viver a minha companhia.

                    O Mensageiro. Brasília,  outubro de 2012.

                                 *


 


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