segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Uma gota d´água.


Uma gota d'água despenca do céu, atira-se como
se fora empurrada, expulsa de sua morada e cai.
A gota caí!
A gota cai e morre, morre da mesma forma que,
um dia, eu também morrerei.
Num sorriso, a gota d'água desaparece sob a 
terra que a bebe, e mata a sua sede.

Uma gota de lágrima despenca dos meus olhos 
como se não devesse ali estar.
Ela cai. 
A gota de lágrima cai, cai no chão, se machuca e
chora.
Ela chora, molha a terra que a absorve.  
O solo bebe as minhas lágrimas com a mesma 
avidez que os bêbados bebem os seus cálices. 

Uma gota de "pensar" cai dos pensamentos que 
povoam a minha mente, então me desespero.
Desesperado espero que a calmaria, que assiste, 
de longe, a minha agonia, volte para escolher os
pensamentos que  posso "despensar".
Uma gota do "eu" despenca do que sou e, fico 
só.
Sozinho, me sinto como o soluço entalado em 
uma garganta preste a chorar. 

Uma gota despenca dos meus pecados e geme 
de prazer ao gozar a sua falsa liberdade. 
Pobre!
Esquece muito rápido as suas dores. 
Vou! 
Fui onde abandonei os meus bons pensamentos,
acreditando eles poderem se transformar nos 
mesmos pecados que rejeitei e, então uma gota
d´água cai.

           O Mensageiro - Brasília, outubro de 2012.

                              *

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